A INTERFACE ENTRE EDUCAÇÃO E MERCADO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS MUDANÇAS SOCIOCULTURAIS NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Modernidade tardia. Globalização. Educação. Economia neoliberal. Análise Crítica do Discurso.
No contexto atual da modernidade tardia, as mudanças socioculturais instauram novas práticas sociais que corroboram mudanças discursivas em movimentos dialéticos, contribuindo para que a ordem de discursos educacionais seja cada vez mais “contaminada” pelos discursos e valores típicos de mercado revestido por ideologias, lutas hegemônicas e relações de poder. Nesse sentido, esta pesquisa, ancorada no aporte teórico-analítico da Análise Crítica do Discurso (ACD), em sua vertente transdisciplinar (FAIRCLOUGH, 2006; ORMUNDO, 2010; PEDROSA, 2010; RAMALHO E RESENDE, 2011), tem como objetivo discutir como as mudanças socioculturais, via o momento discursivo, no contexto da educação privada, dialogam com a proposta mercadológica da política econômica neoliberal. A pesquisa se constituiu metodologicamente numa abordagem de natureza qualitativo-interpretativista (CHIZZOTTI, 1991; BOGDAN e BIKLEN, 1994; MINAYO, 1994), assentando-se nos pressupostos da Linguística Aplicada contemporânea (SIGNORINI, 1998; MOITA-LOPES, 2006; MENEZES, SILVA, GOMES, 2009). O corpus analisado concentrou-se numa compilação de anúncios publicitários usados nas campanhas publicitárias de instituições privadas de ensino bem como de agência de fomento ao crédito estudantil em Natal/RN, desde a educação básica a cursos de idiomas, no período de outubro a dezembro de 2010. Os dados evidenciam que a educação, no contexto da globalização da modernidade tardia, configura-se como uma agência mercadológica e que a nova face do discurso educacional das instituições privadas de ensino está imbricada a uma representação social de educação associada a campo de luta e disputa hegemônica. Portanto, a pesquisa autoriza a inferir que, com a propagação de políticas públicas educacionais referendadas no ideário hegemônico da economia neoliberal e nos pressupostos ideológicos dos agentes financeiros internacionais (Banco Mundial, FMI dentre outros), a educação tornou-se arena de disputa, um poderoso produto rentável para o mercado da indústria cultural, midiática e mercantilista, intensificando a constituição de uma sociedade na qual tudo é medido economicamente.