INFÂNCIA- MEMÓRIAS: CENÁRIOS-PERSONAS
Graciliano Ramos; infância; memorialismo; lembrança; esquecimento.
Infância é, sem dúvida, memória, literatura, de grande qualidade, respeitável, à medida que a história contada transita entre ficção e realidade. História social e pessoal, com tamanho senso de realidade, fazendo com que o leitor lucre com a honestidade e a sinceridade que produziu, nessa obra, resultados marcantes em sua constância de recortes quadro-a-quadro.
Lembrança e esquecimento são, portanto, os guiadores deste trabalho, tendo como propósito a denúncia do encontro da criança com a violência e, sendo o texto memorialístico, vê-se a importância da ficção para que esse tipo de narrativa se sustente. Busco, com isso, mostrar no tom humanizador deste relato de memórias, o seu significado profundo e decisivo, através dos conceitos de memória de Le Goff, de Seligmann-Silva e de Ecléa Bosi. É, também, através das teorias de Jeanne Marie Ganegbin que justifico o conceito de lembrança e esquecimento e que, me utilizando dos conceitos de Eliane Zagury, acrescento e amparo a relação da autobiografia como meio de expressão do relato de memórias.
Por último, em Infância, não há espaço para a fantasia. O lirismo que se avassala, no decorrer de cada capítulo, comanda a imaginação do autor. A necessidade de inventar cede espaço à necessidade de depor, de denunciar. E essa transição ocorre de forma lenta e gradual, assim como lenta é a vida do menino Graciliano, diante de tanta humilhação e submissão.