Ana Cristina Cesar: um corpo de crítica
Cristina Cesar, corpo, crítica, poesia, vida
Ana Cristina Cesar e sua estratégia em traçar uma sobrevida a partir da escrita. Mas o que é escrever? O que é precisamente construir uma escrita? Como, para onde avança o deserto, a solidão, o encontro com tudo isso? Esclarecemos que o nosso trabalho não pretende responder às questões, mas dialogar com elas, problematizar o fazer poético de Ana Cristina Cesar a partir da crítica sobre a (sua) poesia, que elaborou e mobilizou dentro e fora da sua produção escrita. Durante o período de1975 a1983, a poeta carioca exercitou concomitantemente as atividades de escritora, intelectual e professora, em todos estes papéis debatia-se profundamente com a questão “fazer literatura”. Escrever com as perguntas. No caso da nossa autora, escrever para as próprias perguntas. Portanto, interessa-nos refletir sobre o que se passa no exercício de escreverem Ana Cristina Cesar, o “vacilo da vocação” a se fazer ato de criação. Sirgar. É possível definir o que é um escritor? É possível definir o que é escrever para um escritor? “Escrever é também tornar-se outra coisa que não escritor.” (DELEUZE, 1997, p. 16). A passagem invoca uma viagem pelo deserto, uma travessia voraz, tempos, espaços, multidões, afetos, encontros, fugas, margens, desvios, feridas. Estamos com a nossa paixão, e sós.