Práticas discursivas e relações afetivas na contemporaneidade: o caso dos verbos ficar e namorar
Linguística aplicada, Práticas discursivas, relações afetivas, contemporaneidade.
Este trabalho insere-se na área de investigação da Linguística Aplicada, circunscrevendo-se na compreensão da linguagem e sua constituição nas práticas sociais e configura-se como uma pesquisa qualitativa, a qual privilegia aspectos essenciais que envolvem o sujeito em sua prática discursiva, o sentido e valor, numa abordagem da teoria dialógica dos autores do Círculo de Bakhtin. Em face disso, tem-se como objeto de estudo os sentidos e valores atribuídos aos verbos ficar e namorar, partindo da questão da redação do Processo Seletivo Vestibular 2005 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cuja instrução é a seguinte: “Em um relacionamento a dois, qual a melhor opção a ser feita? Deve-se apenas ‘ficar’, somente namorar, ou, alternadamente, ‘ficar’ e namorar?”. As redações elaboradas pelos candidatos permitem questionar que sentidos e valores ficar e namorar assumem hoje, enquanto expressão de relações afetivas e como essas relações podem interferir na tomada de posição dos sujeitos (VOLOSHINOV, 1995) em uma situação formal como é o vestibular, bem como verificar as diversas formas de apropriação do discurso alheio presente nesses textos. As produções textuais refletem sobre as relações afetivas na contemporaneidade, assumindo um posicionamento contrário às relações de natureza temporária, o que margeia todos os textos analisados e ratificam não só a fluidez dos relacionamentos afetivos (BAUMAN, 2009), mas ainda a multiplicidade do sujeito contemporâneo (HALL, 1997).