MEMÓRIA E ORALIDADE NA FICÇÃO DE MIA COUTO: CADA HOMEM É UMA RAÇA
memória, oralidade, cultura, identidade, moçambique
Nesse trabalho será realizada uma análise de quatro contos de Mia Couto (2005) do livro Cada homem é uma raça: “O embondeiro que sonhava pássaros”; “A princesa russa”; “O pescador cego” e “A lenda da noiva e do forasteiro”. O Estudo, sob a perspectiva da memória e da oralidade, terá como foco a observação da transformação dos componentes da realidade sociocultural e histórica, de Moçambique, em elementos de ficção literária. Esse percurso elucidará, em parte, a unidade orgânica que constitui a obra e que gira em torno dos elementos da tradição, da memória e da oralidade. Nosso estudo verificou a importância desses componentes culturais para a harmonia institucional da sociedade, e o quanto velam pela tradição, pelo conhecimento transmitido de geração a geração através da oralidade. Este ponto é um importante marcador de diferenças. Pois as sociedades escritas dão menos importância ao que é transmitido oralmente, deixando o que é tradição para segundo plano. Trata-se de uma compreensão que acabou por provocar o pensamento distorcido a respeito do que é tradição oral, a qual não se resume a lendas, contos de fadas, danças e folclores. Há de se considerar sua memória inscrita em cada símbolo, algo que justifica o ser como indivíduo possuidor de uma história coletiva.