Do teatro elisabetano ao sertão do século XIX: a presença de Shakespeare em Inocência
Inocência. Visconde de Taunay. Shakespeare. Intertextualidade.
A influência de Shakespeare na literatura brasileira é um assunto que tem atraído a atenção de estudiosos desde as últimas décadas. A produção teatral shakespeariana, resultado do talento do dramaturgo, somado ao fermento fornecido pela época em que despontou – a Era Elisabetana –, traz à tona, dentre outros elementos, temas de caráter universal, aspecto que pode ser considerado como um dos responsáveis pela projeção dos dramas de Shakespeare ao longo do tempo. Como resultado da popularidade atingida pelo dramaturgo, suas peças passaram a servir de inspiração para outros escritores, os quais passaram a recorrer a elas para criarem as suas próprias obras. Partindo dessas ideias, neste trabalho pretende-se trazer à tona questões referentes à presença de Shakespeare em um romance brasileiro do século XIX, Inocência, cujo autor é Visconde de Taunay. Nessa obra, Taunay faz referência ao dramaturgo por meio de epígrafes extraídas de Romeu e Julieta, Rei Lear e Henrique V, a partir das quais buscamos observar como o romance dialoga com os referidos dramas shakespearianos. Para realizar tal estudo, recorremos aos pressupostos teóricos da intertextualidade, principalmente aqueles desenvolvidos por estudiosos como Mikhail Bakhtin, Gerard Genette e Antoine Compagnon, cujas ideias sobre o diálogo entre obras servem de respaldo para a análise das relações entre o romance de Taunay e as peças de Shakespeare.