Deus e o diabo na poesia de Gregório de Matos
Barroco; Gregório de Matos; Bíblia; Paródia.
A presença da Bíblia na poesia de “O boca do inferno” é fato inquestionável para quem detenha uma memória literária das composições consideradas sagradas pela percepção religiosa. A dissertação Deus e o diabo na poesia de Gregório de Matos, para responder à questão de como o poeta baiano se apropria do legado bíblico, desenvolve o tema da busca gregoriana pelas Escrituras para fazer paródia ao elaborar poesia. Para efetivar tal trabalho, o estudo recorre principalmente à fortuna crítico-teórica construída na ensaística por Haroldo de Campos ao abordar a obra gregoriana e os textos bíblicos enquanto legados literários de alto valor. Além disso, este trabalho busca as constatações sobre a arte-cultura barroca, apresentadas por Helmut Hatzfeld e por José Antonio Maravall, e a teoria antropofágica da formação cultural brasileira, estabelecida por Oswald de Andrade, a fim de dar sustentação às observações registradas quando da abordagem da poesia gregoriana. A antropofagia bíblica ritualizada por Gregório de Matos como trabalho precedente à ironia paródica recuperável em seus textos é aspecto de sua obra responsável por torná-la una: narrativas da Bíblia hebraica, a poesia do Eclesiastes, passagens dos Evangelhos ecoam na obra do poeta barroco brasileiro.