A construção do posicionamento valorativo no cronotopo do PSV 2008 da UFRN
Posicionamento axiológico. Cronotopo. PSV-2008. Relações dialógicas.
Situada na Linguística Aplicada (CELANI, 1998; MOITA LOPES, 2004, 2006, 2009), esta pesquisa documental se inscreve em uma abordagem qualitativo-interpretativista de perspectiva sócio-histórica (FREITAS, 2002, 2007; ROJO, 2006). O objetivo geral consiste em analisar a construção de posicionamentos axiológicos de sujeitos-enunciadores de 10 cartas argumentativas produzidas em contexto avaliativo, precisamente no Processo Seletivo Vestibular de 2008 da UFRN, aqui denominado cronotopo do PSV-2008. Para isso, os objetivos específicos que orientam esta pesquisa são: analisar os modos de assimilação do discurso alheio ao dizer do vestibulando; identificar posicionamentos axiológicos decorrentes das formas do processo interlocutivo observadas; e construir uma visão de sujeito-enunciador com base nas escolhas valorativas do enunciador e no tempo-espaço que constituem as relações entre enunciador e interlocutor. Quanto ao aporte teórico, a investigação se fundamenta, principalmente, nas noções bakhtinianas de cronotopo – categoria advinda da teoria do romance e problematizada a partir de Amorim (2004) em articulação com as reflexões teóricas de Geraldi (2006, 1997), Britto (2006) e Antunes (2005, 2006) sobre o processo de escrita –, relações dialógicas, responsividade e vozes sociais (BAKHTIN, 1990, 2003, 2008; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006) as quais são atravessadas pela concepção dialógica da linguagem. Organizamos a análise em duas partes, uma relativa à construção do posicionamento responsivo-axiológico – “Apelo à orientação argumentativa da prova”, “Para manter um distanciamento axiológico”, “O dissenso” – e outra relacionada à visão cronotópica do sujeito-enunciador – “A crença na dignidade humana ou a réplica presumida”. Identificamos dois debates dialógicos, um travado com a prova de redação, outro com um dos interlocutores apontados na proposta. Os sujeitos carregaram seus enunciados de um tom de indignação, criticando o que expressou o interlocutor. Os vestibulandos recorreram à formação de um cenário de esperança, credulidade, respeito, ética, natureza digna do ser humano. Os sujeitos – acreditando ou não – podem ter sido impelidos a se posicionar dessa maneira porque o cronotopo em que eles estão condicionam em certa medida o que e o como dizer.