O TRÁGICO EM LAVOURA ARCAICA
Trágico. Afirmação. Negação. Transgressão.
O escritor paulista Raduan Nassar, lança em 1975, o seu primeiro romance intitulado Lavoura arcaica. Em sua narrativa de estréia, o escritor paulista nos traz à história de um adolescente, André, que tenta desconstruir a lavoura de seu pai, Iohána. Através de seus sermões, o patriarca pregava o comedimento, a disciplina e a obediência as leis impostas por ele, construindo assim, um mundo de ilusões, em que o amor servia de máscara para hipocrisia. Nessa relação de tensão, pai e filho, representações míticas de Apolo e Dioniso, travam um embate discursivo sobre a negação e a afirmação da existência. Desse modo, considerando a relação de luta e completude entre o impulso apolíneo e dionisíaco existentes no romance nassariano, a proposta desta pesquisa é apresentar uma leitura do trágico em Lavoura arcaica a partir da perspectiva nietzscheana sobre o gênero trágico. Para tanto, recorremos ao conceito desenvolvido por Nietzsche em sua obra, partindo de seu livro de estréia O nascimento da tragédia (2007a), A visão dionisíaca do mundo (2005 a) e Ecce homo (2008 b).