DO DIZER TEÓRICO ÀS TRANSPOSIÇÕES DIDÁTICAS : o que se diz e o que se faz com o ensino de língua escrita no PROJOVEM
Ensino de Língua Materna. Projovem. Escrita.
O trabalho que ora apresento traz resultados oriundos dos estudos desenvolvidos na pesquisa de mestrado, junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem – PPgEL, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, sob a orientação da Professora Doutora Maria da Penha Casado Alves. Abordo nesta pesquisa questões concernentes às concepções de linguagem e ensino de língua escrita apresentadas pelo Programa Nacional de Inclusão de Jovens – PROJOVEM. No que se refere à metodologia, a pesquisa está situado no campo da Lingüística Aplicada, é de natureza qualitativa e documental e se constrói por meio da análise de dois documentos que constituem o seu corpus, a saber: Manual de Orientações Gerais e os Guias de Estudo. Busco nesses documentos conhecer as orientações teórico-metodológicas apontadas pelo Manual, documento que é destinado aos professores e verificar como essas orientações se presentificam nos Guias de Estudo, documentos destinado aos alunos. O aporte sobre o qual ancoro as discussões e análises aponta para teóricos como Bakhtin (1992; 2003), por seus postulados sobre o entendimento da linguagem numa perspectiva dialógica, de sujeito situado historicamente e de compreensão responsiva ativa, Faraco (2001 e 2008) e Suassuna (2006) pelas discussões sobre como se concebe o ensino de Língua Portuguesa e Geraldi (1997; 2005 e 2006) e Antunes (2003), pelas orientações e discussões referentes às abordagens sobre o ensino de língua escrita. As análises feitas apontam que embora o programa proponha uma ruptura com o ensino tradicional, por considerá-lo excludente, não consegue transpor essa concepção para os Guias de Estudo. Resultado disso: um material didático que reitera e reproduz atividades calcadas numa concepção de ensino descritivo e/ou prescritivo. No que concerne às proposições para produções textuais, por exemplo, constato que esta se dá de forma artificial, inexpressiva e está desvinculada de qualquer contexto comunicativo e, por vezes, do contexto do próprio tópico no qual estão inseridas.