THE HANDMAID’S TALE À LUZ DO CONFROENCONTRO DIALÓGICO ENTRE MIKHAIL BAKHTIN E WALTER BENJAMIN: UMA LEITURA CRÍTICA DO ROMANCE E SUA ADAPTAÇÃO PARA A SÉRIE TELEVISIVA
The handmaid’s tale; Bakhtin; Benjamin; confroencontro.
Este trabalho buscou construir uma leitura crítica do romance The handmaid’s tale (1996) da escritora canadense Margaret Atwood e sua adaptação homônima para o seriado televisivo produzido por Bruce Miller (2017-) à luz do confroencontro dialógico entre Benjamin e Bakhtin observando as categorias de linguagem e discurso. Para tanto, os objetivos específicos são: discutir a teoria de linguagem, considerando Benjamin e Bakhtin, suas aproximações e dissonâncias; analisar como a linguagem, do ponto de vista bakhtiniano e benjaminiano, é resgatada através de posicionamentos das personagens no romance The handmaid’s tale (1996) e em sua adaptação homônima para a série televisiva; explorar as categorias de discursos fechados e abertos no pensamento teórico de Walter Benjamin e Mikhail Bakhtin; investigar de que maneira os discursos fechados no romance The handmaid’s tale (1996) e em sua adaptação homônima para a série televisiva são dessacralizados pelos discursos abertos, do ponto de vista benjaminiano e bakhtinianos. Em termos metodológicos, o corpus foi analisado à luz de teorias críticas literárias e culturais tendo como procedimento técnico a pesquisa bibliográfica. A fundamentação teórica eixo foi: para debater linguagem e discurso usamos a obra de Mikhail Bakhtin (1987, 2014, 2015, 2018a, 2018b, 2019); e a obra de Walter Benjamin (1994, 2013, 2020), bem como comentadores. À guisa de conclusão, a leitura crítica do romance The handmaid’s tale (1996) e de sua adaptação para o seriado homônimo à luz do confroencontro dialógico entre Benjamin e Bakhtin permitiu identificar a reificação do recurso da linguagem pela ditadura de Gilead como estratégia de opressão e dominação civil, bem como constatamos a redenção dessa linguagem através de ações disruptivas das personagens que fizeram frente ao sistema. Em termos de discurso, detectamos no discurso das personagens o empobrecimento da comunicação verbal entre os indivíduos, bem como discursos fechados oriundos da ditadura de Gilead os quais impediam os indivíduos de elaborarem seus posicionamentos contra o sistema, assim como foi possível constatar discursos abertos na palavra das personagens que faziam frente à opressão das figuras representativas do poder de Gilead. O confroencontro dialógico entre Walter Benjamin e Mikhail Bakhtin mostrou-se produtivo, pois foi possível encontrar nas categorias de linguagem e discurso pontos de encontro e confronto: em “linguagem” verificamos que para Bakhtin, a linguagem é dialógica, repleta de vozes sociais; para Benjamin, é somente na inter-relação com o outro que se manifesta o potencial significativo e criador. No que toca ao discurso, Bakhtin o percebe como heterodiscursivo, tenso de opiniões, de vozes de outrem; em Benjamin, a abertura discursiva se dá no tom libertário da reprodutibilidade técnica, da história revolucionária.