A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DA PRINCESA GISELLE NO FILME “ENCANTADA”: CONTO DE FADAS OU MUNDO REAL?
Dialogismo. Identidade. Postura feminina. Princesas da Disney. Contos de Fada.
Tendo em vista o desejo de observar melhor o ser feminino, meu objeto de estudo é a construção da postura feminina da personagem Giselle, do filme Encantada (2007), da Walt Disney Animation Studios, empresa responsável, por anos, por construir a identidade de princesas estereotipadas, criadas para serem vistas como mulheres sem escolha. Por meio desta obra, tem-se como objetivo analisar a quebra da convenção do que é ser princesa, tendo em vista a transição da princesa dos contos de fadas para a vida real. De forma atender aos objetivos pretendidos, as teorias desenvolvidas por Valentin Volóchinov, Mikhail Bakhtin e o Medviédev (1998, 2011, 2015, 2016, 2018) darão base para o entendimento das questões que dizem respeito à linguagem, posto que permitem construir uma análise discursiva da personagem estudada; e, mais precisamente, Bakhtin, pois este desenvolve o conceito de dialogismo, o que permite o diálogo da obra em foco com outras produções cinematográficas dos Estúdios Walt Disney, com vistas à análise do rompimento com as princesas tradicionais; e Simone Beauvoir no que cerne à forma como a mulher é vista e julgada na sociedade. A pesquisa se insere na área da Linguística Aplicada, considerando, principalmente, a indisciplinaridade desse campo de estudos (MOITA LOPES, 2015), quando este afirma que os sujeitos são constituídos não por uma identidade, mas por várias, as quais são heterogêneas, fragmentadas, fluidas, contraditórias e passíveis de revisões. Os resultados das análises indicam que há uma nova forma de as personagens femininas lidarem com seus enredos, uma vez que são elas as encarregadas de liderar e resolver as complicações da história.