ENTRE A TRADIÇÃO E A MODERNIDADE: A REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DA MULHER NO ROMANCE GIZINHA, DE POLYCARPO FEITOSA
Tradição. Modernidade. Literatura Potiguar. Crítica Feminista. Representação social. Identidade.
O presente estudo objetiva realizar uma leitura do romance Gizinha (1930), do escritor norte-rio-grandense Polycarpo Feitosa, a partir da experiência da mulher, propondo novos parâmetros interpretativos ao texto literário, a fim de identificar a relevância da voz feminina na construção da narrativa, assim como os traços do patriarcalismo presentes no estilo, na temática e nas diferentes vozes do romance. Sendo assim, a pesquisa conta com os seguintes objetivos: investigar, por meio de um estudo comparativo, a construção das subjetividades das personagens, a partir das relações de poder, do corpo e da linguagem; analisar os contextos sociais e culturais em que as representações foram elaboradas; e confirmar se o romance constrói uma representação de identidade da mulher que contribua para empreender uma discussão sobre a permanência de temas e tensões dominantes na literatura norte-rio-grandense, de modo a caracterizar como as tradições regionais interagem no processo de construção do sentido do moderno. Para a compreensão da temática escolhida, considerou-se a literatura sob uma perspectiva histórica. Assim, este trabalho dialoga com as orientações teóricas de Showalter (1994) e Moi (1999), para o estabelecimento das bases fundadoras da crítica feminista; de Butler (2022) e Lauretis (2019), acerca das noções de gênero e cultura de gênero; de Woodward, Silva e Hall (2014), no que se refere à construção cultural das identidades. A análise do corpus revela, portanto, que as narrativas de autoria masculina constroem uma representação da experiência da mulher baseada em estereótipos culturais que atendem aos propósitos da ideologia patriarcal, imputando sempre os mesmos papéis de subordinação e de referência ao negativo.