O SOAR DAS VOZES OPRIMIDAS NA SALA DE AULA: LEITURAS DE UM DEFEITO DE COR
Literatura negra. Cânone. Ensino. Identidade negra.
Nos ambientes escolares é notável a frequente exclusão de leitura de obras não canônicas, em especial aquelas que abordam questões sociais, uma vez que não fazem parte dos “padrões” estéticos que ratificam o estatuto canônico de uma obra. Narrativas sobre o negro e a sua trajetória no Brasil comumente acontecem através de uma visão dominante entre os cânones da literatura. Em contraponto, esta pesquisa faz uma leitura da obra contemporânea Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, que propõe uma reconstrução da história por apresentá-la a partir de uma visão periférica, fazendo uso da metaficção em sua narrativa. Na presente análise e intervenção em sala de aula do Ensino Médio, a obra Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, foi selecionada com a finalidade de discutir sua contribuição não só na construção da identidade do sujeito, mas na reflexão acerca das questões sociais e contextuais que cercam essa construção dentro e fora da escola. Para tanto, o referencial teórico que compõe esta pesquisa é formado pelas reflexões de Dalcastagnè (2012), Kothe (1997), Schollhammer (2011), Hutcheon (1991), Cosson (2006) e Zilberman (2012), além dos documentos oficiais, PCN (2000), BNCC (2017) e outros teóricos, artigos, dissertações e teses no campo da literatura e do ensino. Ademais, foi realizada uma pesquisa de campo que se concretizou em dois espaços: na educação formal e no digital, com o propósito de examinar o comportamento do sujeito pós-moderno em diferentes espaços, compreendendo como se posicionam acerca das questões da negritude, evidenciando, principalmente, a relação entre a obra não canônica e a formação da identidade desse sujeito.