ENCRUZILHADAS TEÓRICAS, IDENTIDADES E REPRESENTAÇÕES
NEGRO-BRASILEIRAS: UMA ABORDAGEM DESCOLONIZADA DE ZUMBI: O DESPERTAR DA LIBERDADE E NA COR DA PELE, DE JÚLIO EMÍLIO BRAZ
Literatura infantil e juvenil. Teoria Literária. Descolonização do pensamento. Encruzilhadas teóricas. Júlio Emílio Braz
Esta dissertação pretende analisar as identidades e representações negras nas obras Zumbi: o despertar da liberdade (1999) e Na cor da pele (2005), ambas escritas por Júlio Emílio Braz, a partir de uma abordagem descolonizada, por intermédio da proposta de encruzilhadas teórico-metodológicas. O objetivo desta investigação é evidenciar aspectos relacionados às caracterizações negro-brasileiras na literatura infantil e juvenil que corroboram para uma análise literária que considere outras epistemologias e que valorize a representatividade e o fortalecimento das identidades de crianças e jovens negros. As encruzilhadas teóricas preconizam o encontro de conhecimentos que partem de outras áreas do conhecimento como a Pedagogia, a Psicanálise, a História, a Filosofia, a os saberes construídos na poética do cotidiano, para demonstrar como esses discursos do mundo são refratados nas obras, na promoção do tensionamento de significantes e construções de novos significados. Para tanto, precisamos considerar formas de ler que singularizem e deem conta das demandas que esses temas propõem. Deste modo, os valores afro-brasileiros, segundo Azoilda Loretto da Trindade (2010), caracterizados como: circularidade, religiosidade, corporeidade, musicalidade, cooperativismo/comunitarismo, ancestralidade, memória, ludicidade, energia vital e oralidade, de acordo com nossa análise, podem ser utilizados tanto como operadores teóricos-crítico de análise literária, quanto no letramento literário de crianças e jovens, no que diz respeito à abordagem descolonizada. Como referencial teórico de construção da pesquisa, partimos das proposições de Simas e Rufino (2018); Hall (2016) e Freitas (2016), Santos Souza (1983), Pinheiro e Tolentino (2020), Frantz Fanon (2005; 2008; 2021), Mbembe (2018), Eagleton (2019), Colomer (2017) Compagnon (2001), Auerbach (2021), Kilomba (2019), Sodré (2021), Freire (2021), hooks (2017), Rufino (2019; 2021) e Munanga (2005). Esperamos que este trabalho possa contribuir e somar às reflexões já publicadas sobre a descolonização do pensamento, a partir da formulação de outros operadores teóricos-metodológicos de análise literária, bem como a de reelaboração de parâmetros estético-ideológicos que repensem o texto literário, sobretudo nos ambientes institucionais, como a universidade e a escola. Assim, as mordaças silenciadoras da subjetividade negra são retiradas, de modo que toda lógica de opressão, alienação, homogeneização, epistemicídio e apagamento é cada vez mais confrontada, a fim de que crianças e jovens negros tomem consciência sobre as dinâmicas que reforçam a colonialidade, retomem o direito aos seus corpos e se tornem sujeitos de suas próprias histórias.