A VIOLÊNCIA ESTRUTURAL EM MAÇÃ AGRESTE, DE RAIMUNDO CARRERO
Literatura e violência. Violência estrutural. Personagem. Raimundo Carrero.
Esta tese analisa o romance Maçã agreste do escritor Raimundo Carrero, a partir do percurso narrativo de seis de suas personagens. A construção dessa categoria literária, assim como os demais aspectos que compõem a narrativa, contribui para tornar visível a violência que está presente na sociedade. Um dos traços que contribui para isso é o fato de a obra apresentar personagens marginalizadas e que ocupam espaços sociais pouco valorizados. Desse modo, o objetivo deste trabalho é investigar se a estética, a construção das personagens, a linguagem e a organização estrutural da obra Maçã agreste são utilizadas como instrumentos para explicitar a violência estrutural presente na sociedade contemporânea. No que se refere à temática da violência, nos baseamos nos conceitos de violência ética de Butler (2015), simbólica de Bourdieu (2001, 2012), estrutural de Galtung (1990, 2018) e de disciplina de Foucault (1988, 2014); para a análise da categoria personagem, nos fundamentamos nos preceitos de Candido (2007) e Brait (1985); quanto à relação entre a literatura e a violência, nos embasamos em Lins (1990). A pesquisa é de natureza qualitativa, uma vez que busca investigar os elementos que compõem a estética da obra, tais como foco narrativo, tipo de discurso, linguagem utilizada para compor cada personagem e sua importância para compreender e justificar a presença da temática da violência. A recorrência da violência na obra pode ser compreendida como uma estratégia para chamar a atenção em relação à violência produzida constantemente sobre as pessoas, especialmente aquelas que vivem em situação de vulnerabilidade social, a partir das normas de conduta existentes e da produção de situações de injustiça social.