UM VÉRTICE DE ÂNGULO: CONTOS CASCUDIANOS SOBRE AS HISTÓRIAS QUE O TEMPO LEVA
Modernismo brasileiro; Conto; Narrativa histórica; Câmara Cascudo; Histórias que o tempo leva.
Em Histórias que o tempo leva... (1924), Luís da Câmara Cascudo narra ficcionalmente episódios inspirados na História norte-rio-grandense. Matizando as curtas narrativas com as cores dos componentes locais, figuram em seus contos representações oriundas da cultura popular e da espacialidade citadina. Frente a esses conteúdos, o presente trabalho analisa as temáticas históricas, culturais e citadinas em articulação com as ideias do movimento modernista brasileiro, tendo em vista que Câmara Cascudo assumiu um papel de protagonismo nas discussões e na divulgação do movimento na província. Assim, esta pesquisa dialoga com as orientações teóricas de Antonio Candido (2014) e Mário de Andrade (1978) sobre o Modernismo; Walter Benjamin (1987), Le Goff (1990) e Alfredo Bosi (1992), para o estudo dos eventos correlatos ao campo histórico; Gaston Bachelard (1993) e Borges Filho (2007), para a análise das representações espaciais. A partir da análise empreendida, identificamos que a retomada de acontecimentos volvidos, pelo viés literário, propicia a apreensão de um passado caracterizado pela pluralidade, favorecendo o desrecalque histórico. Além disso, notou-se que as latências socioespaciais refletem indícios do universo colonial ao lado de uma tímida aspiração cosmopolita. Desse modo, compreende-se que o livro contribuiu para a renovação do pensamento intelectual nacional, o que se dá pelo regaste da tradição regional em consonância com as ideias em voga no modernismo.