O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA DE SUJEITOS APRENDIZES DE LIBRAS NO CAS NATAL
Identidade. Aprendiz de Libras. CAS Natal. Surdos e não surdos.
A interação dialógica é inerente à essência humana de se comunicar e interagir socialmente, acontecendo por meio de diferentes linguagens, dentre elas as línguas, sejam orais ou visuais. Nessas relações de alteridade, somos, inevitavelmente, refratados pelos discursos que nos circundam, o que reverbera em nossas constituições identitárias. Neste estudo, tomamos como pedra basilar a Língua Brasileira de Sinais – Libras, língua visual-espacial usada por sujeitos surdos e não surdos das comunidades surdas brasileiras. Sendo assim, esta pesquisa busca compreender como se dá o processo de constituição identitária de sujeitos aprendizes de Libras no Centro Estadual de Capacitação de Educadores e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS Natal. Para subsidiar as discussões, recorremos aos estudos de Bakhtin (2015; 2016; 2017a; 2017b; 2018; 2019) e de Volóchinov (2018; 2019), no que concerne às questões da linguagem e suas contribuições nas constituições identitárias. Para fundamentar especificamente as discussões acerca das identidades, nos baseamos nos estudos culturais, em Hall (2014; 2020), Canclini (2016; 2019), Woodward (2014) e Bauman (2005). Para as fundamentações relacionadas à Libras e às constituições identitárias dos seus aprendizes, nos ancoramos nos Estudos Surdos, em Perlin (1998; 2003), Perlin e Miranda (2003), Perlin e Reis (2012) e Quadros (2017, 2019); também em Rosa (2012), Sá (2002) e Skliar (1998). Ademais, amparamo-nos na LA, em Moita Lopes (2006; 2013), Pennycook (2006), Kleiman (2013) e Fabrício (2017), que dialogam a partir do sujeito em sua singularidade, com o objetivo de criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a língua tem papel central. O corpus constituiu-se dentro da perspectiva da LA embasada na pesquisa qualitativa-interpretativista, cuja composição se deu por meio da aplicação de questionário e de entrevista. Recorremos aos pressupostos bakhtinianos (2011) e, assim, cotejamos dialogicamente os excertos de onze vozes discursivas de sujeitos surdos e não surdos de diferentes núcleos do referido Centro. Por fim, consideramos que a aprendizagem de uma língua tem papel relevante na compreensão que o sujeito constitui de si. Em especial, por nos referirmos a Libras, uma língua valorada axiologicamente, vê-se o quanto reverbera nos posicionamentos discursivos dos participantes, impactando em suas identidades enquanto defensores da visibilidade da língua, do surdo e da sua cultura surda pelas lentes da diferença.