EMISSÃO DE RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA NÃO IONIZANTE NA CIDADE DO NATAL: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E MODELAMENTO COM BASE NA INTENSIDADE DO CAMPO ELÉTRICO E TAXA DE EXPOSIÇÃO
Radiação Não Ionizante; Campo Elétrico; Comunicações Móveis; Análise Multivariada; Exposição à Radiação; Televisão; Estações Rádio Base; Medições de RNI; Áreas urbanas
As ondas eletromagnéticas utilizadas nas telecomunicações, até os anos 1980, eram tidas por órgãos ambientais como formas aparentemente “limpas” de energia, cujos efeitos não eram considerados como minimamente prejudiciais à saúde. O surgimento da Telefonia Celular, a partir dos anos 1990, e a construção frenética de torres nas cidades assustou a população e levou a comunidade científica mundial a dar maior atenção ao tema. Um estado pobre como o Rio Grande do Norte (PIB 51,4 bilhões de reais em 2013) evoluiu a quantidade de celulares em operação de 340 mil no ano 2002 para 4,6 milhões em 2014. No RN a quantidade de linhas celulares supera a própria população, com uma densidade de 128,98 acessos para cada 100 habitantes. Natal, a capital do RN, com 850 mil habitantes, já possui 882 Estações Rádio Base dos Sistemas celulares em 167,26 km2 de área urbana. Dados da ANATEL (agosto de 2015). O objetivo do presente trabalho é fazer um diagnóstico sobre a situação atual da emissão de radiação eletromagnética não ionizante em toda área urbana da cidade do Natal. A metodologia usada levou em conta medições de intensidade das radiações feitas em 160 diferentes pontos da cidade. As radiações foram medidas na faixa de 88MHz a 2.400 MHz. Os serviços de telecomunicações avaliados na pesquisa foram: TV (Broadcasting), Rádio FM (Broadcasting), Sistemas Celulares e WLAN (IEE 802.11bg). Foram considerados para comparação os limites de exposição do ICNIRP (International Commission on Non Ionization Protection), parâmetros: “Intensidade de Campo Elétrico” e “Razão de Exposição” (Exposure Ratio). Resultados: de acordo com as medições realizadas, 48.48 % da exposição eletromagnética outdoor na cidade do Natal decorre da radiação emitida pelos transmissores de TV. Da mesma forma, constatou-se que, em 77,2 % dos pontos pesquisados, a intensidade do campo elétrico gerada pelas TVs supera todos os demais serviços de telecomunicações, inclusive a Telefonia Celular. A Taxa de Exposição (ER) média de RNI verificada para a faixa de frequência pesquisada foi de 4,43. 10 -3, enquanto o valor máximo foi de 7,67. 10-2. Com base na informação de que a radiação emitida pelos transmissores de TV é a mais relevante na cidade, foi desenvolvido modelo para estimativa do Campo Elétrico correspondente em qualquer ponto da cidade. O modelo foi concebido através da Técnica Estatística de Regressão Multivariada, a partir das 160 amostras. As equações finais obtidas permitem as estimativas com grau de precisão R2 superior a 0,9, p<0,1. Constatou-se que o expoente de atenuação para propagação de RF na cidade varia entre 2,6 e 2,8. Conclusões: a exposição eletromagnética à RNI em ambientes outdoor na cidade do Natal está em níveis abaixo dos limites de segurança definidos pelo ICNIRP e ANATEL. Os serviços que mais contribuem para RNI em Natal são: 1-TV, 2-Sistema Celular e 3-Rádios FMs.