AVALIAÇÃO DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGENCIA ÀS VÍTIMAS DE VIOLENCIA EM NATAL, BRASIL
Urgência e emergência, atenção pré-hospitalar, prevenção de acidentes, violência
Os acidentes e violências estão entre as principais causas de mortalidade e morbidade da população jovem, em todo o mundo, em especial nos países em desenvolvimento e trazem grande demanda aos serviços de saúde.
OBJETIVOS. O objetivo deste trabalho é avaliar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), considerando os seguintes aspectos: examinar a viabilidade de construção de um modelo avaliativo do SAMU, no município de Natal. Identificar avanços e desafios da atenção pré-hospitalar às vítimas de acidentes e violências a partir de três perspectivas distintas: a dos gestores, a dos profissionais e a das vítimas, usuárias do serviço.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo qualitativo do tipo estudo de caso, na perspectiva de Yin. A primeira etapa foi constituída por um estudo de avaliabilidade do SAMU. Para a coleta de dados utilizou-se a análise documental e entrevistas do tipo semi-estruturadas, com informantes-chave. Para a validação dos indicadores optou-se pela utilização da Técnica de Consenso Delphi. A população do estudo foi constituída por gestores/chefias, trabalhadores e usuários do SAMU. As entrevistas foram semiestruturadas, no grupo dos usuários foram entrevistados 49 sujeitos e no grupo de profissionais foram 21 sujeitos, além de 3 gestores.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormente analisadas através da ultilização do software ALCESTE® que fez a análise lexical quantitativa e a análise hierárquica descendente. Também foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin. As coletas ocorram entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015.
RESULTADOS. O programa foi descrito e foram elaborados o modelo lógico e a matriz de relevância dos indicadores caracterizando os elementos estruturantes do mesmo, ocorreu a definição de indicadores de estrutura e de processo, além das perguntas avaliativas. O corpus foi categorizado em quatro classes: desafios da regulação e encaminhamento das vítimas, desafio de políticas educacionais, protocolos e fragilidades dos registros e educação permanente.
CONCLUSÕES. O SAMU na atenção às vítimas de acidentes e violências é avaliável. Algumas limitações na operacionalização de vários dos componentes elencados foram detectadas como: a ausência de mecanismos de mobilização social, ações pontuais de promoção em saúde e a utilização incipiente de indicadores de saúde produzidos pelo próprio serviço e, por fim a ausência de mecanismos de controle social. A disponibilidade observada tanto na gestão municipal, quanto na equipe de profissionais que compõe o serviço, contribuíram com o desenvolvimento do estudo. A população na sua grande maioria relatou grande satisfação pelo atendimento recebido, elogiaram a atenção, o acolhimento e a atitude profissional das equipes. Quanto às dificuldades, alguns usuários relataram angústia e sofrimento na espera pelo resgate e desconforto no deslocamento pelo calor no interior dos veículos. Os profissionais mostraram-se comprometidos e satisfeitos apontando avanços na existência de equipes completas, equipamentos e infraestrutura adequados. Apresentam como desafios: a necessidade de políticas educacionais voltadas à prevenção de acidentes e violência, implantação de protocolos clínicos, fortalecimento da regulação e articulação com a rede hospitalar e valorização e fixação dos recursos humanos.