O RISO DA ANGÚSTIA
Graciliano Ramos. Angústia. Riso. Grotesco.
Esta dissertação propõe a análise do romance Angústia (1936), de Graciliano Ramos, a partir da temática do riso. Estudos diversos evidenciam o caráter psicológico, social, filosófico e autobiográfico dessa obra, encaminhando-se para o pessimismo, para as desigualdades promovidas pela hierarquia social, para a crise, para a fragmentação do sujeito que atravessa tempos múltiplos numa “cadeia tortuosa e descontínua de conexões”, como se refere Stuart Hall (2003) ao tratar da narrativa do “eu” na Modernidade. Como explicar, então, a presença do riso em/na angústia? Como ele se caracteriza e como atua na construção do sentido dessa obra? Escolhemos essa abordagem teórica pelo fato de presenciarmos trechos com termos e situações denotativas do riso ao longo da narrativa. Para tanto, extraímos esses mesmos para compor a análise, respaldando-os em conceptualizações sobre os chistes, o riso inócuo e tendencioso, o grotesco, as leis gerais e a mecânica do riso, a mudança histórica e/ou evolução do riso, de Sigmund Freud (1969), de Mikhail Bakhtin (1987), de Henri Bergson (2001) e George Minois (2003). Trataremos dos sentidos do romance, das associações entre os termos angústia e riso, de como o narrador protagonista Luís da Silva constroi a imagem do outro e de si mesmo, considerando os contextos nos quais a obra se coloca, o autor em seu tempo, os dados biográficos relacionados à produção literária de Graciliano Ramos e o entrelaçamento das demais narrativas do autor com o tema do riso, a fim de deslindar o porquê do riso, de qual modo se dá o seu efeito, como ele coaduna e reforça a significação, desse romance, já contemplada pela crítica graciliânica.