O ECLIPSE DA EXISTÊNCIA: FIGURAÇÕES DA VELHICE EM CONTOS DE MOREIRA CAMPOS
Moreira Campos, Representação, Velhice, Solidão.
Esta pesquisa analisa a construção do discurso sobre a velhice na prosa de Moreira Campos (1914- 1994). Para isso, elegemos os contos: “As velhas”, “Os fantasmas”, “O grande medo” e “Os pesados lagartos” inseridos na obra O puxador de terço (1969). Em nossa investigação, observamos especificamente a representação da velhice e se a voz que constrói essa representação pertence ao narrador, que, ante o processo de esvaziamento discursivo imposto à velhice, assume esse discurso. Nas narrativas de Moreira Campos, as personagens idosas encontram-se representadas como pessoas solitárias que travam verdadeira batalha, às vezes, com elas próprias, para manter-se em diálogo com o mundo circundante, seja o familiar, seja o social, e é sobre esse aspecto que esta análise se detém. O trabalho compreende o contexto social no qual a obra se insere, promovendo diálogos entre ambos a fim de evidenciar de que forma a vida social e histórica se configuram nos contos aludidos. Para discutir e estabelecer relações do texto literário com a realidade social, buscamos apoio no método de estudo de Candido (1967), presente no livro Literatura e sociedade. No que concerne à discussão acerca da modernidade manifesta neste estudo, contamos com a contribuição de Berman (2007), inserida em Tudo que é sólido desmancha no ar. As discussões sobre velhice têm como aporte teórico o pensamento de Beauvoir (1990), Secco (1994) e Bosi (1994). A dissertação demonstrou que as narrativas analisadas, compreendendo a velhice em sua dimensão histórica e social, põem em destaque alguns procedimentos excludentes dispensados aos velhos na sociedade moderna capitalista: desvalorização, abandono e ausência de projetos que reintegre os idosos à sociedade, fazendo-os sentirem-se úteis.