Escritos para a morte: a tanatopoética de Sarah Kane
Sarah Kane, Escrita Performática, Tanatopoética.
Esta pesquisa é o resultado de uma reflexão teórico-analítica sobre a obra dramatúrgica da escritora inglesa Sarah Kane. Na maneira como ela estrutura e articula um incessante diálogo, em sua escritura, com os mortos (a tradição dramatúrgica), sobre os mortos (as diferentes ideias e noções de morte na vida urbana) e para os que vão morrer, nesse caso, a sua própria pessoa em forma de registro autobiográfico. O trabalho se detém, especificamente, na análise dos seus três últimos trabalhos: Cleansed (Purificados, 1998), Crave (Ânsia, 1998) e 4.48 Psychosis (Psicose 4:48, 2000). Dessa maneira, são de interesse particular para esse trabalho, as noções de escritura e escrita performática para a análise e contextualização da obra da dramaturga na história teatral, uma vez que essas noções permitem compreender e abordar a obra a partir do viés performativo. O estudo sobre a morte será conduzido a partir da análise das escrituras, na sua abordagem direta ao tema, ou por meio das referências, citações e metáforas utilizadas pela autora para elaborar a sua poética da morte, ou tanatopoética. Esse trabalho identifica ainda, uma autora que se mostra tributaria a linhagem histórica do Teatro do Absurdo, sem reconhecer ou assumir oficialmente sua filiação, mas transcendendo a ela na superação daquele que foi o seu maior intento; a recusa ao nome, a aniquilação e a fuga da linguagem teatral.