ANÁLISE CINTILOGRÁFICA DA DEPOSIÇÃO PULMONAR DE RADIOAEROSSOL APÓS ASSOCIAÇÃO DA NEBULIZAÇÃO ATRAVÉS DOS DISPOSITIVOS MESH E JATO COM A VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA EM INDIVÍDUOS NORMAIS E COM PNEUMOPATIAS OBSTRUTIVAS CRÔNICAS
Cintilografia pulmonar, nebulizador, radioaerossol, volume residual, doença pulmonar.
A via inalatória tem sido comumente utilizada para a deposição de drogas broncodilatoras diretamente no trato respiratório, minimizando os efeitos colaterais sistêmicos observados pela via oral nos pacientes com doença pulmonar crônica (asmáticos e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC). Nos pacientes com persistência do desconforto respiratório, a ventilação não invasiva (VNI) seria outra forma terapêutica com benefícios clínicos descritos na literatura, durante o período de exacerbação ou na fase de estabilização das doenças pulmonares. O percentual de deposição pulmonar do radioaerossol utilizando o NJ durante o uso da pressão positiva atinge valores de 1 a 3%, porém uma nova geração de nebulizadores designado vibrating mesh nebulizers (VMN), traduzido como nebulizadores de membrana, tem mostrado resultados promissores em estudos com modelo animal e in vitro, pois o a quantidade de radioaerossol depositada é duas vezes maior quando comparado ao NJ. Entretanto, nas bases de dados pesquisadas não evidenciados estudos in vivo envolvendo a associação da VNI com o dispositivo VMN em indivíduos normais, asmáticos e DPOC estáveis. Desta forma, os objetivos deste estudo foram: 1) quantificar a quantidade de radioaerossol depositado nos diferentes segmentos pulmonares (gradiente vertical – terços superior, médio e inferior; gradiente horizontal – regiões central, intermediária e periférica) e 2) analisar a deposição do radioaerossol nos diferentes compartimentos pulmonares (pulmonar e extrapulmonar) em indivíduos normais, saudáveis e com DPOC, dispondo do NJ e VMN associado à VNI. Desta forma, foram produzidos três ensaios clínicos do tipo crossover envolvendo as diferentes amostras de sujeitos acima descritos. O método utilizado foi reproduzido semelhantemente em cada amostra através da randomização para eleição de qual dispositivo utilizar inicialmente e dividiu-se em dois grupos grupo VNI+VMN e VNI+JN. Para inalação utilizou-se o 99mTc-DTPA) com radioatividade de 25 mCi, drogas broncodilatoras e solução salina até completar um volume de 3 mL. Utilizou-se a VNI com dois níveis de pressão (inspiratória = 12 cmH2O e expiratória = 5 cmH2O. Após a inalação, as imagens cintilográficas eram obtidas pela gama câmera e desenhadas as regiões de interesse e analisada a disposição nos diferentes compartimentos.
Como resultados, observamos maior deposição do radioaerossol com o VMN quando comparado ao NJ (972013.50±214459.76 contagens vs 386025.00±130363.09 contagens, p=0.005; 1198479.20±434174.12 contagens vs 426803.30±151758.68 contagens, p = 0.005; 1867044.33±456120.30 contagens vs 579729.22±312261.95 contagens, p=0.005) nos indivíduos normais, asmáticos e com DPOC, respectivamente. Observou-se nas três amostras analisadas, maior deposição da massa do aerossol inalada (23.07% vs 6.13%, p=0.005; 22.75% vs 7.27%, p=0.005; 19.90% vs 7.03%, p=0.008) nos indivíduos normais, asmáticos e com DPOC, respectivamente. Ainda, verificou-se maior percentual da dose inicial colocada no nebulizador à nível pulmonar e menor volume residual no dispositivo VMN comparado ao NJ.