PADRÃO DIETÉTICO TRADICIONAL DE ADOLESCENTES BRASILEIROS
Adolescentes, análise de componente principal, padrões alimentares
Estudos nacionais de evolução temporal constatam que o padrão e a tendência do consumo alimentar são consistentes com o incremento da prevalência de doenças crônicas e o aumento contínuo da prevalência da obesidade, inclusive entre adolescentes. O papel específico dos determinantes imediatos da obesidade – dieta e atividade física - nos grupos de baixa renda é desconhecido, já que o país não possui dados contáveis sobre tendências socioeconômicas seculares. Objetiva-se caracterizar padrões alimentares de adolescentes, buscando-se revelar indicadores saudáveis remanescentes do hábito alimentar regional. Estudo transversal, com adolescentes escolares (N=430) da rede municipal de ensino de Natal, Brasil. A partir de entrevista semi-estruturada, as informações de consumo alimentar foram obtidas por meio de dois recordatórios 24h. Foi utilizada a técnica de Análise de Componentes Principais - ACP para derivação de padrões alimentares – seleção dos alimentos pela mediana de consumo; matriz de correlações, r ≤ 0,90 e determinante ≠ 0; ajuste dos dados, KMO > 0,6; valores de comunalidade > 0,5; eigenvalues KAISER > 1; rotação ortogonal Varimax. Foram realizadas três diferentes ACP: um modelo construído a partir dos alimentos definidos pela quantidade total em gramas; outro, pela quantidade de energia em Kcal; e um outro, pela quantidade de fibras em gramas. Respectivamente, foram produzidos nº de componentes distintos – 7, 8 e 4, com variância acumulada > 70% e cargas fatorias > 0,4. O Padrão SATp - Sistema Alimentar Tradicional puro ou Padrão Feijão predomina no espectro do consumo alimentar dos jovens adolescentes, representando o primeiro componente de todos os modelos analisados. Padrão SATm - Sistema Alimentar Tradicional Modificado, presença de pães e biscoitos, ocorrem nos dois componentes subsequentes, no modelo representado pelas fibras. Padrões SACr - Sistema Alimentar Combinado e de Risco) coincidem nos três componentes subseqüentes extraídos a partir do consumo alimentar e de energia, com destaque para a ocorrência de marcadores de alimentação não saudável – açúcar, óleo vegetal, embutidos e doces. A preservação do SAT regional e brasileiro é salutar, sob a perspectiva da prevenção de doenças crônicas, apesar da constatação de alta freqüência de consumo e significante contribuição energética de alimentos fonte de açúcares livres, gorduras saturadas e sal. Os achados podem subsidiar Políticas de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente, em caráter intersetorial, com destaque para os escolares.