PERFIL DA EXPRESSÃO GÊNICA EM INDIVÍDUOS FRENTE À INFECÇÃO POR LEISHMANIA CHAGASI.
Leishmania infantum, microarray, leishmaniose visceral
Leishmaniose visceral (VL) é uma doença potencialmente fatal causada por Leishmania infantum chagasi nas Américas. No Brasil era uma doença predominantemente rural até os anos 80 quando surtos epidêmicos passaram a ocorrer nas grandes cidades devido à migração da população rural para periferia dos centros urbanos, especialmente na região nordeste. A infecção por Leishmania pode evoluir com um amplo espectro clínico que é dependente da resposta imune desenvolvida pela pessoa infectada. Notadamente, 80% a 90% da infecção humana é subclínica ou assintomática, mas, os fatores que determinam se o indivíduo desenvolverá ou não doença não são completamente esclarecidos. O controle da infecção por Leishmania é dependente da imunidade celular mediada por interferon gama. Está demonstrado que Leishmania suprime a resposta microbicida do macrófago. Por outro lado, estudos prévios sugerem que o background genético do hospedeiro contribui para a evolução clínica após a infecção. O objetivo deste estudo foi avaliar a expressão, in vivo, de genes envolvidos na resposta imune frente á infecção por Leishmania. A análise da expressão gênica foi realizada, em paralelo, em pessoas na fase aguda da doença e três meses após o tratamento, utilizando células mononucleadas de sangue periférico após desafio com antígeno solúvel de leishmania (SLA) tendo sido identificados 362 genes com expressão diferencial. Entre os genes
super expressos na fase aguda foram identificados genes relacionados ao metabolismo lipídico, APOC1 (p 0.055 fold change -1.68), ao ciclo da uréia ARG1 (p 0.05 fold change -2.89) e um gene envolvido no processo biossintético da glicina DHFR (p 0.01 fold change -2.15). Genes codificadores de proteínas relacionadas á infecção aguda, como, quimiocinas CXCL5 (p 0.032 fold change 1.92), CXCL10 (p 0.051 fold change 2.63), CCL22 (p 0.046 fold change 2.00) foram super expressos após a recuperação (três meses após tratamento). A comparação da expressão gênica nas duas fases estudadas da infecção por leishmania é consistente com os resultados encontrados de supressão de genes de quimiocinas (CXCL5 e CXCL10) e indução da biossíntese de lipídeos (APOC 1) e do gene da Arginase 1 envolvida na resposta microbicida não clássica do macrófago na fase aguda da LV. Os dados indicam vias, até então não relatadas, possivelmente envolvidas na patogênese da infecção por Leishmania infantum. A análise de DNA microarray é um método poderoso para estudar a expressão gênica global em termos da quantificação dos níveis de mRNA. Estas aplicações seguramente são promessas consideráveis para atenuar o impacto das doenças infecciosas.