CHIKUNGUNYA NO RIO GRANDE DO NORTE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS
Febre Chikungunya; Epidemia; Brasil.
Originário da África e isolado pela primeira vez em 1952, o vírus Chikungunya (CHIKV) pertence ao gênero Alphavirus e possui como principais vetores transmissores os mosquitos do gênero Aedes. A infecção pelo vírus Chikungunya é uma síndrome febril aguda e autolimitada causada por esse arbovírus e afeta pessoas de todas as faixas etárias, podendo causar diferentes sintomas que podem durar pouco dias ou até mesmo anos, o que representa um grave problema para a saúde pública. O objetivo deste estudo foi descrever os aspectos epidemiológicos, imunológicos e clínicos da febre chikungunya durante a epidemia ocorrida no ano de 2016 no estado do Rio Grande do Norte. Foram analisados 284 casos suspeitos de infecção pelo CHIKV submetidos a métodos técnica de qRT-PCR, nos quais 125 casos foram positivos (44,4%). O maior número de casos positivos ocorreu no primeiro trimestre do ano, tendo o mês de março com maior representatividade, ou seja, 48 casos positivos. O município de Natal teve maior número de casos confirmados, totalizando 87 entre os casos positivos. A maior frequência foi em mulheres (52%) e 9,2% delas estavam grávidas. Os neonatos positivos representaram 5,6%. A média de idade de casos positivos foi de 34 anos e a faixa etária acima de 61 anos foi uma das mais afetadas pelo CHIKV. O maior número de casos detectados foi nas amostras de soro (41,2%). Ao associarmos tempo de início dos sintomas e viremia, foi verificado que a maior carga viral ocorreu na fase aguda da infecção. O CHIKV foi capaz de ser detectado em dez pessoas vinte e três dias após início dos sintomas. Amostras negativas para CHIKV foram testadas para detecção dos vírus DENV e ZIKV utilizando as técnicas de RT-PCR e qRT-PCR respectivamente. Além disso, para investigar a possibilidade de infecção por flavivírus, um total de 120 casos suspeitos de CHIKV com qRT-PCR negativos para esse alphavirus, foram utilizados para pesquisas de IgM anti-Flavivírus e anti-Chikungunya por meio do método de ELISA. IgM anti-Chikungunya foi detectado em 57(47,5%) dos casos. Entre as IgM anti-Chikugunya negativas, 21 amostras (21,7%) apresentaram resultados positivos para IGM anti-Flavivirus e 54 amostras apresentaram positividade para IgM anti-Chikungunya e IgM anti-Flavivírus simultaneamente. Com relação as características clínicas dos casos positivos de CHIKV foi verificado que sintomas como febre, artralgia e conjuntivite foram os mais comuns, no qual o primeiro sintoma representou 91% dos casos. Bolhas na pele foi um sintoma encontrado em todos os 7 neonatos estudados e positivos para CHIKV, no entanto, 4 adultos também apresentaram esse sintoma, porém apenas um foi positivo. Mialgia, artralgia febre e dores nas costas foram os sintomas mais relatados no primeiro dia de doença, porém a febre e artralgia permaneceram com maior constância após o quinto dia. Os resultados deste estudo visam contribuir para agregar conhecimentos sobre as características clínico-epidemiológicas da transmissão do CHIKV e para auxiliar no diagnóstico clínico da infecção.