ESPAÇO DE VIDA E DECLÍNIO COGNITIVO EM IDOSOS EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS: RESULTADOS LONGITUDINAIS DO ESTUDO IMIAS
Cognição; Espaço de vida; mobilidade e idosos
Introdução: Os aspectos socioeconômicos, socioculturais e psicossociais podem influenciar a função cognitiva de idosos que vivem na comunidade. O uso restrito do espaço de vida também pode estar relacionado com a função cognitiva nos idosos. Nós examinamos a relação longitudinal entre a mobilidade e uso de espaço de vida, e as mudanças na função cognitiva entre idosos residentes na comunidade. Para isso, foram avaliados idosos residentes em diferentes contextos sociais da América do Sul e do Norte, além da Europa. Métodos: Participaram do estudo 1486 idosos da amostra do International Mobility in Aging Study (IMIAS), que foi realizado em cinco cidades diferentes: Tirana (Albânia), Natal (Brasil), Manizales (Colômbia), Kingston and Saint-Hyacinthe (Canadá). Foram construídos dois modelos explicativos: um modelo inicial com caraterísticas socioeconômicas, de arranjos de vida e suporte social; e um segundo modelo com as variáveis anteriores adicionando medidas de desempenho físico, sintomas depressivos e condições crônicas. O uso do espaço de vida foi avaliado através do Life-Space Assessment (LSA), aplicado na linha de base (2012) e a Prova Cognitiva de Leganés (PCL) foi utilizada para avaliar a função cognitiva na linha de base e no follow-up (2016). Resultados: As mulheres apresentaram uso mais restrito do espaço de vida em relação aos homens, e essas diferenças de gênero estavam presentes em todos os locais de pesquisa. A diferença de gênero se torna ainda mais evidente de nas categorias de limite de avaliação do espaço de vida (categorias I e V). Um número maior de mulheres foi classificado na categoria I, e essa diferença de gênero foi maior em Natal, Manizales e Saint-Hyacinthe. Foi observado um declínio na função cognitiva dos idosos em todas as cidades, exceto em Manizales. Os participantes que usavam menos o espaço de vida na linha de base apresentaram declínio significativo na função cognitiva no follow-up (β=-0.79, 95% IC: -1.400 a -0.18, p-valor<0.01), quando comparados aqueles com maior uso do espaço. Essa diminuição foi independente do gênero, idade, cidade, educação, renda insuficiente, suporte social, depressão, função cognitiva na linha de base, condições crônicas e performance física. Conclusão: A restrição no uso do espaço de vida é um fator de prognóstico importante da função cognitiva. Encorajar e manter o uso do espaço pode ser uma meta nas políticas públicas que incentivam o envelhecimento saudável e pode ser útil na prática clínica para promover o estado de saúde e para monitorar os idosos com maior risco de declínio cognitivo.