Efeito do extrato de Eugenia uniflora na expressão global de proteínas durante a morfogênese de Candida albicans
Candida albicans, Fagocitose, Morfogênese, Proteômica, Eugenia uniflora, Modelo Murino
Em certas circunstâncias, Candida albicans pode passar de colonizante para infectante e, como na candidíase oral. A morfogênese de C. albicans, bem como sua capacidade de combater o estresse oxidativo no interor de células fagocíticas, é um fator essencial para a invasão tecidual e estabelecimento da infecção. Devido ao baixo arsenal antifúngico disponível no mercado e o constante surgimento de cepas resistentes, faz-se necessária a pesquisa de novas fontes terapêuticas, principalmente oriundas de produtos naturais. No presente estudo foram selecionados 48 isolados clínicos de C. albicans oriundos da cavidade bucal de pacientes transplantados renais. A fração acetato de etila de Eugenia uniflora foi utilizada na concentração de 1000 µg/mL para avaliar a ação comparativa (tratada e não tratada com extrato) sobre a fagocitose e morfogênese de C. albicans. Foi realizado o ensaio de resistência ao ataque de neutrófilos polimorfonucleares. O isolado 111R, de alta capacidade filamentação foi utilizado para avaliação do perfil protéico por meio de análise proteômica, bem como da interação com proteínas diretamente associadas à morfogênese. A resposta à infecção foi observada em modelo murino de candidíase oral e a ação tóxica do extrato de E. uniflora foi observada em ensaio de MTT. O extrato de E. uniflora reduziu significativamente a capacidade de fagocitose de C. albicans (média total de 120.36 ± 36.71 vs. 44.68 ± 19.84). Trinta e nove proteínas foram identificadas na análise proteômica, relacionadas à geração de energia, metabolismo de proteínas e glicose, divisão celular, transporte citoplasmático, metabolismo de ácidos nucléicos, estrutura celular e resposta ao estresse. Importantes proteínas relacionadas com a formação do citoesqueleto foram reguladas negativamente nas células tratadas. Houve instalação de infecção na cavidade oral dos camundongos e a infecção foi atenuada quando C. albicans foi pré-incubada na presença do extrato de E. uniflora e quando o extrato foi aplicado na cavidade oral após a instalação da infecção. Este resultado foi condizente com a redução na contagem de UFC (2.36 vs. 1.85 Log10 CFU/ml) e a atenuação dos danos teciduais observados na análise histopatológica. O extrato de E. uniflora não foi tóxico para células humanas mesmo em concentrações 8x acima da utilizada nos experimentos. A fração acetato de etila de E. uniflora poderá causar danos à parede celular e proteínas essenciais ao metabolismo de C. albicans, afetando proteínas relacionadas à estrutura celular, reduzindo a capacidade plástica de filamentação, atenuando a ação invasiva em modelo animal, sem causar efeito tóxico em células humanas, podendo ser uma futura alternativa terapêutica para o tratamento de infecções por Candida.