Desigualdades em Saúde Bucal em Idosos brasileiros e catalães
Idoso, Saúde bucal, Saúde dos idosos institucionalizados, Iniqüidades em saúde
A saúde bucal é um dos aspectos relevantes para a saúde do idoso, pois uma má condição de saúde bucal causa um impacto negativo em sua qualidade de vida e torna-se uma importante questão de saúde pública. Assim, objetivou-se avaliar as condições de saúde bucal de idosos institucionalizados e não institucionalizados, do Brasil e da Região Sanitária de Barcelona-Espanha, a partir de base de dados secundária, no que concerne à prevalência e severidade de cárie dentária, doença periodontal, uso e necessidade de prótese dentária, edentulismo e edentulismo funcional. A pesquisa caracteriza-se como estudo transversal, observacional e de abordagem exploratória. A população do estudo foi constituída por 7.619 idosos não institucionalizados de 65 a 74 anos residentes no Brasil; 1.192 idosos institucionalizados de 65 anos e mais, residentes em instituições de todas as regiões brasileiras e por 422 idosos de 65 anos e mais residentes em instituições da região sanitária de Barcelona-Espanha. Os dados da pesquisa foram extraídos de bases secundárias, tais como banco de dados do Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal – SB Brasil 2010, o banco de dados da Pesquisa intitulada “Saúde bucal de idosos institucionalizados no Brasil” e o banco de dados da pesquisa “Oral Health-Related Quality of Life in institutionalized elderly in Barcelona(Spain)”. Em todas as pesquisas, como fonte de dados, foram utilizados exames bucais preconcebidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) para a construção de indicadores de saúde bucal, bem como questionários sobre a condição socioeconômica e utilização de serviços odontológicos pelos idosos pesquisados. Os dados foram analisados por estatística descritiva, inferencial bivariada a partir dos testes de Qui-quadrado de Pearson, ANOVA , Mann-Whitney e estatística inferencial multivariada a partir da Análise de agrupamentos e Regressão Robusta de Poisson multivariada. Foram obtidas as Razões de Prevalência brutas e ajustadas (RPa) com seus respectivos Intervalos de Confiança (IC), considerando-se um nível de significância de 5%. Entre os idosos não institucionalizados brasileiros, foram observados alta prevalência de dentes afetados pela cárie dental, com CPO-D médio 27,53(±7,00), alta prevalência de edentulismo (47,7%) e edentulismo funcional (73,8%). Também foi verificado alta prevalência no uso de prótese superior(75%), necessidade de prótese superior (85%) e inferior (92,4%). Os piores indicadores de saúde bucal, bem como maiores necessidades de reabilitação protética foram encontrados em idosos residentes em municípios brasileiros de pequeno porte populacional, do interior do país, pertencentes às regiões Norte e Nordeste e entre os idosos com baixa condição socioeconômica (p<0,001). Em relação aos idosos institucionalizados do Brasil e de Barcelona-ES, foi observado uma maior prevalência de doença periodontal entre os idosos catalães através da presença de cálculo (RPa: 1,5; IC:1,08-2.19 em homens e RPa: 2,4; IC: 1,77-3,24 em mulheres) e de bolsa periodontal (RPa:2,05; IC:1,43-2.93 em homens e (RPa: 3,2; IC: 2,29-4,53) em mulheres), bem como menores prevalência de perda dentária parcial (RPa: 0,49; IC: 0,40-0,60 em homens e RPa:0,42; IC: 0,30-0,49 em mulheres) e perda dentária total (RPa: 0,49; CI: 0,37-0,65 em homens e RPa:0,49; CI: 0,41-0,58 em mulheres). Diante dos resultados, verifica-se que a saúde bucal tanto da população idosa brasileira não institucionalizada e institucionalizada quanto os idosos institucionalizados catalães é precária, refletida pela alta perda de dentes, necessidade de reabilitação e para aqueles idosos que ainda possuem dentes na boca, os mesmos são acometidos severamente pela doença periodontal. Esse contexto exige das políticas públicas de saúde um maior investimento na prestação de serviços de saúde bucal para esta população tanto no Brasil, quanto na Espanha.