EFETIVIDADE DA TERAPIA FÍSICA DESCONGESTIVA NA CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS VENOSAS
EFETIVIDADE DA TERAPIA FÍSICA DESCONGESTIVA NA CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS VENOSAS
A úlcera venosa é a manifestação clínica mais grave da insuficiência venosa crônica, e a mais freqüente das úlceras em membros inferiores, representando em torno de 70% de todas as úlceras. Pacientes portadores dessa enfermidade podem conviver com essa situação durante vários anos, sem obter a cicatrização da lesão. O objetivo dessa investigação foi avaliar a influencia dos aspectos sociodemográficos, de saúde, assistenciais e clínicos da lesão na efetividade da terapia física descongestiva utilizada para cicatrização das úlceras venosas. Trata-se de um estudo quase-experimental, com amostra não probabilística, desenvolvido na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. A amostra foi composta por 67 pacientes, distribuídos em dois grupos, por meio de estratégia de pareamento: Grupo de intervenção (GI), composto por 31 sujeitos e Grupo controle (GC), composto por 36 indivíduos. Ambos os grupos foram tratados durante seis meses com curativo diário e receberam orientações para repouso três vezes ao dia associado à elevação de membros inferiores. O GI foi submetido também à terapia física descongestiva: elevação dos membros inferiores, drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo, exercícios miolinfocinéticos. O estudo foi aprovado (Parecer nº 59/2007) pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial, considerando nível de significância estatística de ρ-valor < 0,05. Entre os 67 participantes, observou-se predomínio de pessoas com mais de 59 anos (67%), sexo masculino (52%), escolaridade baixa (92%) e sem fonte de renda (60%). Em relação aos hábitos de saúde a maior parte dos participantes referiu não ser tabagista (99%), nem etilista (97%) e dormir mais de 6h (79%). Não se observou diferença significativa quanto às características sociodemográficas, de saúde, assistenciais e clínicas da lesão entre os grupos intervenção e controle. Essas mesmas características não influenciaram a efetividade da terapia física descongestiva. O principal fator responsável pela redução da dor, edema e contração da ferida foi a terapia física descongestiva, que explicou 74% da redução do edema (p=0,0001), 75% da redução da dor (p<0,0001) e 62% da contração da ferida (p=0,020). A avaliação da área da ferida mostrou que independente da terapia descongestiva, as demais variáveis (sociodemográficas, de saúde, assistenciais e clínicas da lesão) explicaram 60% da redução da área (p=0,020). Ao avaliar a influência de todas as variáveis incluindo a terapia física descongestiva nota-se que este modelo explica 66% da redução da área da lesão (p=0,005). Vale dizer que a evolução da área também sofreu influência da atividade laboral (p=0,010) e do local da úlcera (p<0,0001). Reforçando esses achados, a comparação das variáveis de desfecho dor (p<0,0001), edema (p<0,0001), área (p<0,0001) e contração da úlcera (p=0,0015) apresentaram diferença significativa entre os grupos intervenção e controle, denotando a efetividade da terapia física descongestiva na cicatrização das ulceras venosas. É importante conhecer os fatores que influenciam positivamente ou negativamente o processo de cicatrização, para desenvolver planos de tratamentos mais eficazes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.