Perfil das neoplasias na infancia no Estado do Rio Grande do Norte (1977-2009): um estudo retrospectivo
Câncer, Criança, Sobrevida, Rio Grande do Norte .
O câncer é um problema de saúde crescente em vários países do mundo. A incidência de um tipo particular de câncer é rara na infância, mas quando somados todos os tipos de cânceres, o número total é elevado, com o agravante que o diagnóstico e a terapêutica são peculiares ao tipo tumoral. Esse trabalho teve como objetivo realizar uma análise retrospectiva de neoplasia na infância diagnosticada no Estado do Rio Grande do Norte, no período de 1977 a 2009, visando (1) determinar a incidência das neoplasias; (2) avaliar a existência de diferenças demográficas na taxa de sobrevivência; (3) avaliar a existência de mudanças temporais na incidência; (4) avaliar a taxa de sobrevivência. Um total de 1749 casos foram diagnosticados no período. A incidência de neoplasia foi de 6,18 casos por 100.000 crianças. A leucemia linfocítica aguda (LLA) foi o tumor com maior incidência e correspondeu a 1,7 casos por 100.000; seguido de linfoma não Hodgkin (0,90), leucemia mielóide aguda (LMA) (0,55) e Doença de Hodgkin (0,41). Os tumores do sistema nervoso central e periférico (neuroblastoma) incidiram em, respectivamente, 0,39 e 0,37. O tumor de Wilms apresentou uma incidência de 0,36 casos por 100.000; enquanto o rabdomiossarcoma e o retinoblastoma apresentaram incidência, respectivamente, de 0,33 e 0,26 casos por 100000. Na faixa etária abaixo de 4 anos, a LLA foi o tumor mais frequente, com incidência de 1,54 por 100.000, sendo seguido pelo neuroblastoma (0,59), retinoblastoma (0,58), Tumor de Wilms (0,55) linfoma não Hodgkin (0,54), leucemia mielóide aguda (LMA) (0,46), histiocitose (0,23), e linfoma de Burkitt (0,23). Na faixa etária de 5 a 9 anos, LLA continuou sendo o tumor mais frequente, com uma incidência de 1,37 casos por 100.000, seguido pelo linfoma não Hodgkin (1,10), Doença de Hodgkin (0,55), tumores do sistema nervoso central (0,54), LMA (0,44), tumor de Wilms (0,32) e rabdomiossarcoma (0,30). A faixa etária acima de 10 anos foi a faixa com maior incidência de neoplasia, sendo a LLA (2,09) e o Linfoma não Hodgkin (1,01) os tumores mais frequentes. As crianças do sexo masculino foram mais frequentemente afetadas (p<0.05). Essa proporção foi mantida ao longo do período do estudo, (p=0,337). A LMA é o tumor com maior mortalidade (71,8), seguido de neuroblastoma (69,1) e tumores do sistema nervoso central (63,6). Há variação temporal no ciclo de incidência dos tumores, com uma razão de incidência variando temporalmente em torno da média (µ=1,3392). Verificou-se uma componente harmônica de freqüência f=0.10 (Péríodo p=1/f = 10 anos.), influenciada pelos diagnósticos realizados na década 1977 a 1986. Este estudo comprova que as neoplasias da infância são frequentes no Estado do Rio Grande do Norte, com incidência semelhantes a outras localidades do Brasil.