Banca de QUALIFICAÇÃO: ALTIERRES SANTOS DE MEDEIROS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ALTIERRES SANTOS DE MEDEIROS
DATA : 28/11/2025
HORA: 09:00
LOCAL: CCHLA
TÍTULO:

MEMÓRIA CULTURAL NA PROSA DE JOSÉ BEZERRA GOMES E NA POESIA DE CELESTINO ALVES


PALAVRAS-CHAVES:

 Memória Cultural; Literatura e Memória; Identidade Sertaneja;
Construção da Memória; Seridó; José Bezerra Gomes; Celestino Alves.

 


PÁGINAS: 96
RESUMO:

Esta tese analisa as relações entre literatura e memória cultural ao investigar a identidade sertaneja a partir de seu microcosmo seridoense. O estudo se debruça sobre as obras Os Brutos (1938) e A Porta e o Vento (1974), de José Bezerra Gomes, e O Nordeste e as secas (1983), de Celestino Alves, tomando-as como chaves de leitura que partem de uma especificidade local para iluminar um universo cultural mais amplo. A pesquisa surge da constatação de uma lacuna na fortuna crítica sobre os autores, pois, embora reconhecidos por seu valor regional, seus trabalhos raramente foram investigados sistematicamente como agentes e artefatos complexos da memória cultural. O objetivo, portanto, é demonstrar como a prosa de Gomes e a poesia de Alves não apenas refletem, mas ativamente constroem, negociam e problematizam a memória e a identidade sertaneja. Para tanto, a tese mobiliza, de forma inédita para este corpus, o arcabouço teórico da memória cultural de Jan Assmann (1995; 1998; 2008; 2011; 2016), Aleida Assmann (2006; 2011), articulado com as formulações de Erll, Gymnich e Nünning (2003) e Erll e Nünning (2008), sobre a literatura como um meio (medium) ativo e privilegiado na formação, circulação e transformação da memória. Este referencial é articulado com os estudos sobre memória, história e narrativa (Bergson, 1999; Ricoeur, 2007; Le Goff, 2003; Nora, 1993; Halbwachs, 2013) e com a contextualização sócio-histórica do sertão seridoense (Cascudo, 1956; 1984; Faria, 1965; Faria, 1980; Faria, 2004; Medeiros, 1980; Macêdo, 2012; 2015; Diniz, 2008; Araújo, 2006; Morais, 2020). A metodologia combina a análise literária, guiada pelo método dialético de Antonio Candido (2009a; 2009b; 2011a; 2011b), com os estudos culturais, em uma abordagem qualitativa e interdisciplinar. Os resultados revelam que as obras operam como potentes dispositivos mnemônicos. Elementos simbólicos, como a pecuária, a seca, o patriarcado e a casa-grande, são mobilizados de maneiras distintas pelos autores para mediar diferentes temporalidades e visões de mundo. Se a prosa de Gomes elabora uma memória mais sedimentada e mítica, focada no drama existencial e na decadência de estruturas sociais, a poesia de Alves captura a urgência da memória comunicativa, dando voz à experiência coletiva e traumática da seca com um viés de denúncia. Conclui-se que a literatura de ambos funciona como uma potente agência mnemônica, e não como um repositório documental do passado. Ao aplicar o instrumental dos estudos da memória, a tese redefine o papel dessas obras, demonstrando que atuam como um medium dinâmico onde a identidade é negociada e permanentemente reconstruída. Essa abordagem, portanto, não apenas ilumina a complexidade do pertencimento ao Seridó e ao Sertão, mas propõe uma reavaliação crítica do legado desses autores dentro da tradição literária brasileira.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1299003 - DERIVALDO DOS SANTOS
Interno - 1675070 - JOSE LUIZ FERREIRA
Externo ao Programa - 1046384 - JOATAN DAVID FERREIRA DE MEDEIROS - UFRN
Notícia cadastrada em: 03/11/2025 11:38
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - (84) 3342 2210 | Copyright © 2006-2025 - UFRN - sigaa11-producao.info.ufrn.br.sigaa11-producao