A LINGUACULTURA NO EXAME CELPE-BRAS E OS DESAFIOS PARA UM ENSINO DE PLE INTERCULTURALMENTE SENSÍVEL
Linguacultura; Interculturalidade; Ensino de PLE; Celpe-Bras; Elementos Provocadores.
Esta tese se dedica à análise de Elementos Provocadores (EPs) e roteiros de interação destinados à realização da prova oral do exame Celpe-Bras, sob a perspectiva da competência comunicativa interculturalmente sensível, com o objetivo de compreender em que medida esses materiais mobilizam dimensões linguaculturais e em que nível promovem a construção de uma consciência intercultural nos candidatos. Para tanto, analisamos quatro edições do Celpe-Bras, com intervalos de uma década entre elas, a fim de entendermos como os EPs e roteiros de interação exigem em seus textos a ativação de conhecimentos culturais explícitos e implícitos e se ocorre a inclusão de uma perspectiva intercultural no decorrer dos decênios, além de refletirmos sobre implicações disso no ensino de Português Língua Estrangeira (PLE). Para tanto, partimos dos pressupostos da Linguística Aplicada (LA), sob uma abordagem qualitativa e interpretativista, fundamentada em autores como Kramsch (1993, 1998), Baker (2015, 2022), Byram (1997, 1998) Risager (2006), Hymes (1972), Celce-Murcia, Dornyei e Thurrell (1995), Hall (1989), Almeida Filho (1992, 2005, 2008, 2018), Mendes (2010, 2011) entre outros. Levantamos a hipótese de que vem havendo, em menor ou maior grau, desde os primeiros exames até edições mais recentes, uma atualização do Celpe-Bras no que diz respeito ao tratamento dos aspectos linguaculturais brasileiros e da interculturalidade nos materiais de suporte para o exame. As análises iniciais indicam que a compreensão dos textos e a consequente produção oral mediada pelos EPs requerem essencialmente uma atenção a um ensino e uma aprendizagem de PLE capazes de integrar saberes linguísticos, pragmáticos e, sobretudo, culturais, o que evidencia a necessidade de práticas interculturalmente sensíveis, nas quais se considerem a indissociabilidade entre língua e cultura. Além disso, observa-se uma pequena expansão no tratamento da linguacultura, principalmente na dimensão identitária desta, e da interculturalidade nos EPs e nos roteiros de interação destinados à prova oral.