REMINISCÊNCIAS DE UMA CEARÁ-MIRIM QUE AINDA VIVE: ANALISANDO A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO EM OITEIRO (1958), DE MADALENA ANTUNES
Oiteiro; Magdalena Antunes; Espaço; Ceará-Mirim; Topoanálise.
Oiteiro: Memórias de uma sinhá-moça (1958) traz à tona as reminiscências da infância e juventude de Magdalena Antunes, que, transitando entre os espaços urbano e rural de Ceará-Mirim, imortalizou, por meio de sua escrita, uma imagem da cidade durante o período no qual a indústria açucareira predominou no Nordeste. Nesse sentido, a presente pesquisa tem por objetivo analisar a representação de Ceará-Mirim em Oiteiro, enfatizando a esfera espacial na obra a partir da perspectiva da Topoanálise, teoria da espacialidade proposta por Borges Filho (2007). Para compor o corpus desta investigação qualitativa, foram selecionados os sítios icônicos do município que aparecem com expressividade na narrativa: o Engenho Oiteiro, o Solar Antunes, o Mercado Público e a Igreja Matriz. Com base em tal conjunto, o aporte teórico desta pesquisa leva em consideração as contribuições de Halbwachs (1990) e Bachelard (1987), que refletem, respectivamente, a dimensão social e íntima em torno da espacialidade. Além disso, concebendo que é por meio da memória que os espaços em Oiteiro são rememorados, a investigação também se vale do diálogo com estudos relacionados a essa categoria. Nesse viés, recorre-se a Nascimento (2015), Maciel (2013) e Silva (2016), que exploram a memória no âmbito narrativo, e a Halbwachs (1990), Pollack (1990) e Sarlo (2007), que a refletem como dispositivo social. Por fim, ressalta-se Candido (1993; 2006), cuja crítica integradora orienta a análise do texto literário em sua relação indissociável com a sociedade.