Banca de QUALIFICAÇÃO: ANDRESSA FREITAS DOS SANTOS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ANDRESSA FREITAS DOS SANTOS
DATA : 26/09/2025
HORA: 14:30
LOCAL: Google Meet
TÍTULO:

Transexualidade na obra Little Fish: análise dialógica da opressão e resistência na personagem Wendy Reimer

PALAVRAS-CHAVES:

Little Fish; Wendy Reimer; personagem; discurso; transfeminismo

PÁGINAS: 65
RESUMO:

A literatura produzida por pessoas transgênero tem crescido significativamente nas últimas décadas, tanto em número de autores e autoras trans quanto em alcance crítico, revelando novas formas de narrar experiências de gênero. Nessa esteira, destaca-se a escritora canadense Casey Plett, reconhecida por sua contribuição para a literatura trans contemporânea. Em seu romance intitulado Little Fish (2018), Plett apresenta a trajetória de Wendy Reimer, uma mulher trans que enfrenta precariedade material, alcoolismo e crises afetivas. Nesse sentido, a presente dissertação pretende analisar a representação da personagem Wendy Reimer a partir de uma perspectiva dialógica bakhtiniana articulada ao transfeminismo. A pergunta central que conduz a investigação conduzida messe trabalho é investigar em que medida os discursos de opressão e resistência contribuem para a construção da personagem Wendy Reimer e quais são os posicionamentos axiológicos representados na narrativa? O objetivo principal é examinar a representação da personagem à luz da estilística sociológica de Mikhail Bakhtin (2014; 2020; 2022). Ao mesmo tempo, o trabalho dialoga com aportes teóricos do transfeminismo, mostrando que a trajetória de Wendy só pode ser compreendida a partir da articulação entre múltiplas opressões e dos mecanismos de resistência que emergem dos vínculos de amizade que possui. Nesse sentido, a leitura transfeminista demonstra que as noções de quase-vida (Stanley, 2011) e os afetos ruins que produzem estratégias de entorpecimento como forma de sobrevivência (Malatino, 2022) são os mecanismos de opressão que moldam a experiência cotidiana da personagem, limitando suas possibilidades de reconhecimento e pertencimento. Contudo, o romance também revela que as redes de amizade e cuidado funcionam como práticas de resistência e reconstrução, ressaltando a importância da comunidade e de laços afetivos construídos em torno da sua família escolhida (Capello; Miller, 2023) como formas de resistência. Além disso, a análise evidencia que a precariedade vivida por Wendy só pode ser compreendida de modo interseccional (Collins; Bilge, 2021; Akotirene, 2019), já que a cisgeneridade impõe barreiras que se articulam à marginalização social e econômica, confirmando as reflexões de Nascimento (2021) sobre os limites estruturais impostos a corpos dissidentes. Dessa forma, conclui-se que a experiência da personagem Wendy Reimer apresenta uma representação das complexidades da experiência trans contemporânea, que frequentemente flutua entre um estado de quase-vida e estratégias que buscam ao entorpecimento e afastamento da realidade presente. A interação entre a personagem e suas amigas também revela que as redes de afeto entre a sua família escolhida funcionam como práticas de resistência e reconstrução, ressaltando a importância da comunidade (Plett, 2023) e da sororidade trans como formas de sobrevivência.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1000286 - ORISON MARDEN BANDEIRA DE MELO JUNIOR
Interno - ***.237.186-** - TITO MATIAS FERREIRA JÚNIOR - NÃO INFORMADO
Externa à Instituição - BIA CRISPIM DE ALMEIDA