Storytelling como Estratégia de Mediação e Alfabetização Científica no Museu Câmara Cascudo
Alfabetização científica, storytellling, relações CTS, espaços não formais.
A alfabetização científica é um processo que transcende espaços institucionalizados, ocorrendo ao longo da vida das pessoas e é compreendido como um direito de todos e todas os/as cidadãos/cidadãs. No campo da educação em ciências, pesquisadores/as e educadores/as têm concebido o conceito de alfabetização científica a partir de vieses distintos, os quais devem ser observados para que seja compreendido em diversas situações e ocasiões, ou seja, de forma contextualizada. Apontamos ainda que afloram diferentes formas de avaliar essa alfabetização dos/as estudantes, sendo necessário estabelecer indicadores dessas habilidades adequados a cada realidade sociocultural. Nesse contexto, consideramos que os espaços não formais podem contribuir na promoção da alfabetização científica da população e de estudantes da educação básica, o que implicaria em pensar em ações educativas propícias a esses espaços e, consequentemente, na criação de um novo olho olhar sobre tempos, exposições, formas de interagir, materiais, linguagem, de modo a fomentar a aproximação entre as culturas estudantil e científica. Com essa finalidade, nesta dissertação, propomo-nos a investigar como a construção de narrativas criativas, as storytellings, envolvendo os objetos em exposição do Museu Câmara Cascudo pode aproximar os estudantes das séries finais do Ensino Fundamental de uma cultura científica compreendida no seio das inter-relações Ciência, Tecnologia e Sociedade. Para tanto, na sequência didática desenvolvida como produto educacional, utiliza-se uma abordagem temática sobre fósseis, na perspectiva de compreender a evolução da vida na Terra, organizada nos Três Momentos Pedagógicos. Entretanto, a pandemia de Covid-19 que se estabeleceu também no Brasil acarretou a suspensão das aulas em escolas e outras instituições educacionais e o fechamento temporário do Museu Câmara Cascudo, sem falar nas mudanças bruscas e drásticas na vida das pessoas. Esse fato extraordinário nos obrigou a modificar a estrutura do produto educacional, que é apresentado em duas versões: a original e a versão adaptada ao ensino remoto. Os resultados indicam que fatores que emergem das desigualdades sociais têm afetado e excluído estudantes das atividades escolares, com reflexos negativos nas taxas de participação nas aulas e atividades. Condições formativas, sociais e emocionais desfavoráveis de professores/as também foram diagnosticadas. Da aplicação do material educativo adaptado ao ensino remoto, possíveis dificuldades de aprendizagem associadas aos conceitos de evolução e tempo geológico foram verificadas.