VEREDAS INFINITAS: RECEPÇÃO ITALIANA DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS
João Guimarães Rosa; Grande Sertão: Veredas; Edoardo Bizzari; Tradução; Recepção.
O objetivo principal deste trabalho é avaliar as dificuldades de compreensão e de
identificação na recepção pela cultura italiana da obra Grande sertão: veredas,
desde as encontradas de modo inaugural pelo tradutor italiano, como também as que
foram sentidas e indicadas no momento de sua leitura pelos críticos, acadêmicos, o
autor desta pesquisa, e, sobretudo, pelos leitores comuns, mostrando, por outro
lado, que os problemas encontrados pelos italianos na tradução existem, sob certos
aspectos, para os brasileiros urbanos, pois a dimensão linguístico-geográfica
presente no romance é tão peculiar que até mesmo muitos leitores de língua
portuguesa desconhecem o mundo moldado pela linguagem de Guimarães Rosa – o que
revela um acirramento da questão universal expressa na fórmula "traduttori,
traditori". A partir daí tentamos evidenciar que, embora a tradução de Edoardo
Bizzarri tenha alcançado excelente resultado, a obra rosiana, assim como na poesia e
mais que em qualquer outra narrativa, impõe na passagem de um idioma para outro
perdas incontornáveis, seja da harmonia musical e rítmica, seja da riqueza semântica
que se oculta no texto original.