Potencial biotecnológico de bactérias isoladas a partir de consórcios provenientes de água de produção em reservatórios de petróleo no Brasil
Biodegradação de hidrocarbonetos, biossurfactantes, água de produção, petróleo, bioinformática
Durante os processos extrativos de petróleo e gás, ocorre também a formação da água de produção, que é composta por matéria orgânica e inorgânica, além de microrganismos. A microbiota desse ambiente, adaptada a condições extremas, apresentam grande potencial para aplicação em processos biotecnológicos, tais como a biorremediação e/ou MEOR. Dentro desse contexto, este estudo visou o isolamento, identificação e caracterização de bactérias provenientes de três consórcios, previamente estabelecidos, obtidos a partir de água de produção. Um total de 16 bactérias foram isoladas, sendo quinze delas selecionadas para a caracterização metabólica a partir de ensaios funcionais. Os isolados foram selecionados de acordo com a sua capacidade de utilizar hidrocarbonetos como fonte de carbono, para tal curvas de crescimento foram elaboradas utilizando meio mínimo suplementado com petróleo como única fonte de carbono. Considerando avaliar a degradação de hidrocarbonetos, o teste com indicador redox DCPIP foi empregado e ensaios como o Índice de Emulsificação, colapso da gota e dispersão do óleo foram aplicados para avaliação da produção de biossurfactantes/bioemulsificantes. Os resultados obtidos a partir dos ensaios de degradação confirmaram a capacidade de quinze isolados utilizarem o petróleo e outros hidrocarbonetos como única fonte de carbono. Os testes realizados para produção de biossurfactantes confirmaram a capacidade de 15, entre os dezesseis isolados, em produzir biossurfactantes e/ou formar emulsão. Com base na sequência do gene 16S os isolados foram identificados como Bacillus, Acinetobacter, Staphylococcus, Ochrobactrum e Citrobacter. Dentre os isolados, quatro foram selecionados e tiveram seus genomas sequenciados, sendo dois deles identificados como Bacillus safensis, um Ochrobactrum e um Acinetobacter baumanii. O isolado AP1BH01-1, classificado como membro do gênero Ochrobactrum, foi designado como uma nova espécie, uma vez que o mesmo não se agrupa com outra espécie do gênero. Os genomas dos isolados sequenciados apresentaram grande diversidade de genes envolvido na degradação de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, bem como genes de síntese de biossurfactantes e bioemulsificantes. Diversos genes relacionados a resistência a metais pesados também foram identificados. Os dados obtidos através dos ensaios funcionais e mineração do genoma dos isolados revelaram perfis promissores em processos de degradação de hidrocarbonetos e produção de biossurfactantes para aplicação em biorremediação de ambientes contaminados com hidrocarbonetos e/ou MEOR.