ATIVIDADE CITOTÓXICA, BACTERIOSTÁTICA E AGLUTINANTE DE LEISHMANIA DE ConM: UMA LECTINA ISOLADA DAS SEMENTES DO FEIJÃO DE PRAIA (Canavalia maritima)
Canavalia maritima, Lectinas, citotoxicidade, Leishmania, Candida, bactérias.
Sementes de plantas são reservatórios de moléculas com grande potencial para elaboração de bioprodutos e por este motivo uma especial atenção tem sido direcionada na busca de proteínas bioativas com ação antimetabólica e propriedades farmacológicas. Uma lectina das sementes de Canavalia maritima (CML) foi purificada em dois passos, pelo fracionamento com sulfato de amônio seguido pela cromatografia de afinidade em coluna Sephadex G-50. CML foi analisada por SDS-PAGE e parte de sua sequência de aminoácidos determinada por espectrometria de massas. Os 20 resíduos resultantes foram submetidos a uma procura local em bancos de dados e alinhados (BLASTp), resultando em 100% de identidade com a ConM. ConM foi testada contra eritrócitos do sangue periférico humano e foi constatado a ausência de toxicidade quando incubados com até 1000 µg/mL da proteína. Já contra células mononucleares, a lectina não foi significativamente tóxica nas concentrações de 1, 2,5 e 5 µg/mL, mas o foi a partir da concentração 7 µg/mL. Outros ensaios de citotoxicidade revelaram que a ConM não é tóxica para a linhagem RAEC quando testada com o dobro da maior concentração proteica que diminuiu a viabilidade das linhagens tumorais A549, 786-0, HT29 e HeLa no intervalo entre 24 e 72 horas, com as concentrações variando de 1 a 10 µg/ml. ConM foi capaz de aglutinar as formas promastigotas de Leishmania spp na concentração de 6,25 µg/ml. Quanto a ação contra Candida spp, nenhuma das concentrações testadas (1 a 500 µg/ml) foi capaz de interferir no crescimento. Quando avaliada a atividade bacteriostática, a ConM nas concentrações variando de 0,39 a 400 µg/ml não inibiu o crescimento de Escherichia coli, já para Staphylococcus aureusa concentração de 25 µg/ml se mostrou ativa, reduzindo o crescimento em 75 %. As lectinas de plantas são proteínas com atividades biológicas relacionadas a defesa, mas que podem ser utilizadas, heterologamente, como interferentes no metabolismo de outros organismos. O reconhecimento celular específico relacionado a estas proteínas as tornam alvos na busca e exploração de suas potencialidades biotecnológicas. Logo, se torna lógico pensar que estratégias para desenvolver novas moléculas e métodos de diagnósticos e tratamento contra células tumorais e patógenos são promissoras e devem ser desenvolvidas.