MOLÉCULAS COESTIMULATÓRIAS NA LEISHMANIOSE VISCERAL.
Resposta imune. Moléculas coestimulatórias. Leishmaniose visceral.
A leishmaniose visceral é uma doença endêmica em muitos países, incluindo o Brasil. O protozoário Leishmania infantum é o agente etiológico da LV, sendo este patógeno transmitido pela picada das fêmeas dos flebotomíneos, durante o repasto sanguíneo. A maior parte dos indivíduos quando expostos ao parasita não desenvolvem a doença, pois apresentam um predomínio da resposta celular Th1. Aqueles que desenvolvem, apresentam sinais como febre, perda de peso, hepatoesplenomegalia e um comprometimento da resposta imune celular, específica a antígenos de Leishmania. Nós avaliamos se essa anergia observada durante a doença ativa poderia estar associada com alterações nas moléculas coestimulatórias de linfócitos T ou em seus ligantes em monócitos CD14+. Encontramos que durante a leishmaniose visceral ativa há aumento na porcentagem de CTLA-4 em linfócitos T CD4+ (p=0,001) e ICOS em linfócitos T CD4+ e CD8+ (p=0,002 para CD4+ e p=0,003 para CD8+) após estímulo por antígeno solúvel de Leishmania (SLA), e que há maior porcentagem dessas moléculas ex vivo, quando comparados indivíduos sintomáticos aos recuperados (p=0,04 para CTLA-4 em CD4+, e p=0,001 para ICOS em CD4+ e p=0,026 para CD8+). Além disso, encontramos uma maior expressão dos genes CTLA-4, OX-40 e ICOS, durante a LV ativa. As moléculas CD40, CD80, CD86, HLA-DR e ICOSL aparentemente não sofrem alteração durante a doença. Há produção de IFN-γ, após estímulo por SLA, em indivíduos sintomáticos; no entanto, há diminuição na razão entre IFN-γ/IL-10, sendo observada um aumento desta após a cura. Podemos sugerir que há o comprometimento de algumas vias de moléculas coestimulatórias durante a leishmaniose visceral, e que isto pode ser usado pelo parasita para garantir sua sobrevivência e proliferação.