ANÁLISE ESTRUTURAL E AVALIAÇÃO DO EFEITO DO CONDROITIM SULFATO EXTRAÍDO DE TILÁPIA (Oreochromis niloticus) EM MODELO DE PERITONITE AGUDA.
Resíduos biológicos; Condroitim sulfato; Ressonância Magnética Nuclear; Inflamação.
Condroitim sulfato (CS) é um glicosaminoglicano natural presente na matriz extracelular de tecidos conectivos, podendo ser extraído e purificado desses tecidos. O CS está envolvido em diversas funções biológicas, o que pode estar relacionado à variabilidade estrutural que possui, apesar da simplicidade da cadeia linear dessa molécula. Pesquisas com rejeitos provenientes da aquicultura vem sendo desenvolvidas no Brasil. A tilapicultura, por exemplo, é uma atividade que gera grande quantidade de resíduos que são descartados pelos produtores. Entende-se que o material descartado pode ser aproveitado em pesquisas como fonte de moléculas com importante aplicação biotecnológica, o que também contribui na redução de impactos ambientais. Vísceras de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) foram submetidas à proteólise, em seguida os glicosaminoglicanos foram complexados com resina de troca iônica (Lewatit), fracionados com volumes crescentes de acetona e purificados através da cromatografia de troca iônica DEAE-Sephacel. Na sequência, a fração foi analisada através de eletroforese em gel de agarose e Ressonância Magnética Nuclear (RMN). O perfil eletroforético do composto, a análise dos espectros 1H de RMN e a correlação do HSQC permitem afirmar que o composto corresponde a uma molécula de condroitim sulfato. Este composto foi testado quanto a capacidade de reduzir o influxo de leucócitos em modelo de peritonite aguda induzida por tioglicolato de sódio. Nesse contexto, foi realizada a contagem total e diferencial de leucócitos do sangue e líquido peritoneal coletadas, respectivamente, da veia cava e do lavado peritoneal de cada animal submetido ao experimento. O condroitim sulfato, pela primeira vez isolado de tilápia (CST), foi capaz de reduzir a migração de leucócitos à cavidade peritoneal de camundongos inflamados em até 80,4% na dose de 10µg/kg. Os resultados mostram ainda que houve redução significativa (p<0,001) da população de polimorfonucleares do lavado peritoneal nas três doses testadas (0,1µg/kg; 1µg/kg e 10µg/kg) quando comparado ao controle positivo. Portanto, uma vez que a estrutura e o mecanismo de ação do CST tenham sido totalmente elucidados, esse composto pode apresentar potencial para uso terapêutico em doenças inflamatórias.