VULNERABILIDADE EM SAÚDE SEXUAL NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
O presente estudo objetiva identificar informações da comunidade universitária sobre conhecimentos, atitudes e comportamentos relacionados às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), para subsidiar a implantação de um Centro de Testagem e Aconselhamento no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Trata-se de estudo de abordagem quantitativa, com delineamento descritivo transversal, do tipo levantamento de dados com amostragem estratificada proporcional, totalizando 305 questionários autoaplicados de forma online, sendo compostos por: 258 discentes, 8 docentes e 39 técnicos-administrativos. Os participantes apresentaram o seguinte perfil: maioria de mulheres (68,9%), jovens e adultos-jovens entre 16 e 30 anos (74,7%), com ensino médio completo (46,9%), sem relacionamentos conjugais estáveis (66,2%) e que se consideram católicos (56,2%). Os resultados encontrados demonstram que os participantes possuem um bom conhecimento sobre IST, HIV/Aids, independente da escolaridade, havendo associações estatísticas significativas entre tal conhecimento e escolaridade apenas para alguns itens que versavam sobre: transmissão vertical e contaminação pelo HIV, inferindo que o nível mínimo de escolaridade apresentado pelos participantes (ensino médio) foi suficiente para a difusão da informação e conhecimento. No que diz respeito aos comportamentos relacionados à saúde sexual, 84,3% dos participantes eram ativos sexualmente, e destes 15,3% já mantiveram relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. A primeira relação sexual ocorreu em média aos 16 anos (DP=2,7) para homens e 19 anos (DP=3,5) para as mulheres. Verificou-se ainda que, independente da situação conjugal, a maioria (82,6%) das pessoas não utilizavam preservativos com os parceiros fixos. Quando o parceiro era ocasional, o uso do preservativo foi mais relatado (36,4%), no entanto, 33,8% das pessoas relatam não usar preservativo e ainda 14,1% não soube ou não quis informar. Houve associação significativa entre usar preservativo com parceiros ocasionais e a situação conjugal [c²(20)=54,16, p<0,001, C=0,39], pois 18,9% dos participantes casados e 12,6% com união estável, afirmaram ter usado preservativo, mas 17,5% e 12,6% destes, não utilizaram. Praticamente metade dos participantes nunca realizou o teste de detecção do vírus HIV, sendo que no presente estudo, o nível de escolaridade e a idade se relacionaram com a realização do teste [c²(4)=29,07, p<0,001, V=0,22 e c²(18)=50,28, p<0,001, C=0,38, respectivamente], ou seja, as pessoas mais velhas e com mais escolaridade já tinham realizado o teste. A partir de 25 anos, as pessoas passam a fazer o teste. No entanto, depois dos 50 anos, há uma inversão, e tal como os jovens entre 16 e 25 anos, novamente há uma divisão entre os que fazem e os que nunca fizeram o teste. A respeito da atitude frente à infecção do HIV e da Aids, 80% dos participantes revelaram que possuem medo de se relacionar com pessoas soropositivas, e essa variável não se associou estatisticamente com nenhuma característica demográfica (sexo, idade, escolaridade, religião) ou laboral (vínculo institucional), inferindo que se trata de algo compartilhado pelos participantes. Os respondentes não vinculam a infecção pelo HIV à “grupos de risco” como dependentes químicos e profissionais do sexo ou promiscuidade, revelando que sabem que a infecção se relaciona com comportamentos de risco. Conclui-se que embora a comunidade universitária participante tenha conhecimento sobre IST, HIV/Aids, os comportamentos e atitudes não são consonantes com os mesmos, evidenciando vulnerabilidade, sobretudo programática e individual.
IST/HIV/Aids. Prevenção sexual. Comunidade universitária. Conhecimentos. Interdisciplinaridade.