Gestão de biossegurança em áreas de risco: um estudo de caso no Campus central da UFRN.
Gestão de biossegurança, Segurança do Trabalho, Riscos, Saúde do Trabalhador.
Nas últimas décadas, com a crescente expansão das universidades em todo o país, observou-se uma nova configuração na prestação de serviços. Maior número de equipamentos, aumento da infraestrutura e da gestão organizacional, maior complexidade das tarefas, exigindo do servidor mais agilidade e flexibilidade nas suas funções, são uma expressão das mudanças, resultando, por vezes, numa maior exposição a fatores de riscos ocupacionais e psicossociais. A segurança nas atividades laborais e a proteção do servidor e do meio ambiente são essenciais nas atividades de pesquisa, ensino e extensão das universidades. Para isso, é fundamental que a gestão em biossegurança preconize ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos ocupacionais e psicossociais em seus ambientes. Tais ações podem ser alcançadas com práticas seguras no desenvolvimento das atividades e com medidas psicossociais que visem prevenir acidentes, promover a saúde dos seus servidores, a qualidade dos seus resultados e a preservação do meio ambiente. O presente estudo analisa como se dá a gestão em biossegurança no campus central da UFRN e busca identificar os principais fatores de risco a que estão expostos os servidores técnicos de nível médio e superior que atuam em áreas de risco, bem como propor ações para a melhoria na qualidade de vida no trabalho. Para tanto, a pesquisa de caráter exploratório desenvolvida optou por uma abordagem ancorada em multimétodos e fundamentada nos resultados da análise documental, observação participante, aplicação de questionários e entrevistas. Participaram da pesquisa gestores envolvidos nos programas de biossegurança da UFRN e servidores ativos desta universidade que trabalham nas áreas de risco do campus central da UFRN desenvolvendo atividades insalubres e periculosas. Inicialmente, foi realizada uma análise documental e entrevistas na Diretoria de Atenção a Saúde da UFRN, nas suas coordenadorias ligadas a saúde do trabalhador e segurança do trabalho. Em seguida, foram aplicados questionários envolvendo riscos ocupacionais e psicossociais, em três grupos de amostra aleatória e estratificados, divididas em dois subgrupos, com um total de 73 servidores envolvidos com atividades insalubres e um grupo de 74 servidores que desenvolvem atividades periculosas. Buscou-se analisar a percepção dos servidores sobre a biossegurança, a identificação dos riscos presentes nos seus ambientes de trabalho e as ações da gestão em biossegurança. Tomando como referencia um dos Centros considerados de maior risco (Biociência), os resultados obtidos até o momento apontam que 84% dos servidores desconhecem o sistema de gestão em biossegurança e que em 76% dos casos, as questões de biossegurança não são abordadas em reuniões de departamentos. Observou-se, ainda, que 56% dos servidores desconhecem se há Comissão de biossegurança e se há uma política de treinamento em educação continuada ou um plano de ação em relação à mesma. A exposição a agentes nocivos, tais como vírus, bactéria, parasitas e agentes químicos é frequente e apesar de 84% dos servidores fazerem uso de EPIs, constatou-se que não ocorre uma inspeção periódica destes protetores. Até a conclusão do estudo, pretende-se detalhar melhor o diagnostico e produzir conhecimentos que subsidiem a proposição de ações específicas, voltadas para a prevenção, monitoramento e controle de risco que envolva a gestão de qualidade em biossegurança e a promoção da saúde e bem estar do servidores.