TERCEIRO LUGAR E MEDIAÇÃO INTERCULTURAL DOS LIVROS DIDÁTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE PLE
Mediação intercultural. Livros didáticos. Terceiro lugar. Português Língua Estrangeira
Terceiro lugar e mediação intercultural são conceitos fundamentais no ensino-aprendizagem de línguas, haja vista a indissociabilidade existente entre língua e cultura (Mattoso, 2004), a necessidade de desenvolvimento da Competência Comunicativa Intercultural (Byram, 1997) dos aprendentes e a importância da interação no processo de aquisição (Allwright, 1984). Nesta pesquisa, voltamos nossa atenção e observação para o papel que os livros didáticos de Português Língua Estrangeira (PLE) desempenham (e podem desempenhar) no estabelecimento de relações interculturais e na diminuição de distâncias entre culturas, favorecendo valores como a empatia e viabilizando o relativismo cultural. Nesse sentido, procedemos, por meio de instrumento metodológico de cunho próprio, à avaliação do Nível de Mediação Intercultural (NIMI), constituído por nove categorias de análise (1. método de ensino de língua estrangeira adotado; 2. método comunicativo adotado; 3. relevância da cultura; 4. percepção do eu e do outro; 5. operacionalidade dos savoirs; 6. sensibilidade intercultural; 7. manutenção do filtro afetivo; 8. autenticidade; e 9. interatividade) dos livros didáticos que compõem nosso corpus de pesquisa: ClicaBrasil (2019); e Plural – português pluricêntrico (2021). Nosso aporte teórico é constituído por Kramsch (1993; 1998; 2017); Bhabha (1996; 1998; 2006); Mattoso (2004); Bosi (1992); Peterson (2004); Risager (2005); Agar (1994; 2002; 2006); Hofstede (1991); Byram (1997); Larsen-Freeman (2000); Bennett (2013); Tomlinson (2011); Richards (2001); Herder (2007); Walsh (2009; 2010); Torremorell (2008); Hadley (2001); Hymes (1972); Chomsky (1965); Savignon (1972; 1976; 1983); Canale; Swain (1983); Bachman (1990); Krashen (1982; 2009); Richards; Rodgers (1986); Widdowson (2005); Breen; Candlin (1980); Oliveira (2014); Liddicoat (2014); Corbett (2003); Littlewood (1981); Nunan (2015); Long (1981); Pica (1996); Meyer (2002; 2013); e Almeida Filho (2009; 2011; 2015); dentre outros. Verificamos que existe defasagem substancial entre o proposto pelos autores dos livros didáticos em termos de metodologia adotada e de tratamento da cultura e o que efetivamente é posto em execução no livro-texto, observando-se que o nível de mediação intercultural desses materiais é reduzido, pois não constroem, geralmente, uma ponte entre a linguacultura-materna e a linguacultura-alvo.