INOVAÇÕES PARA SUPERAR OS DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DOS PERIÓDICOS DA ÁREA DA ENFERMAGEM

INOVAÇÕES PARA SUPERAR OS DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DOS PERIÓDICOS DA ÁREA DA ENFERMAGEM

Dulce Aparecida Barbosa (1)
Emiko Yoshikawa Egry (2)



Recentemente tivemos a oportunidade de participar da Conferência SciELO 15 anos e compartilhamos aqui algumas ideias após os quatro dias de imersão neste fabuloso evento.

Destacamos a capacidade dos Publishers que contam com vastos recursos tecnológicos para sistematizar e disponibilizar o conhecimento científico e calcular os diversos indicadores de fator de impacto. Ainda que sujeitas a questionamentos, são medidas objetivas e úteis que indicam, por meio do consumo do produto, a qualidade do que é produzido.

O acesso aberto, adotado pelo SciELO desde o início, foi consagrado como um caminho relevante para a divulgação do conhecimento, por permitir a acessibilidade, a visibilidade e a socialização da produção científica das diversas áreas do conhecimento.

Destacamos a iniciativa dos editores dos Mega Journals, como Nature, BioMedCentral e Public Library of Science (PLoS) de agrupar o conhecimento por área de especialidade: Nature Cancer, Nature Infectious Diseases, BMC Medicine, BMC Nursing, PLoS Biology, PLoS Medicine visando a lógica da busca por interesse intrínseco por área.  Embora pareça distante, trata-se de uma iniciativa pertinente e que a área da Enfermagem deveria considerar como possibilidade para a melhoria do impacto das revistas da área.

Durante o evento, foi ressaltado o importante papel dos editores responsáveis pela política editorial da revista. Devem estabelecer indicadores de qualidade para a divulgação de pesquisas, proporcionando a disseminação de informações científicas de relevância para a profissão e para a promoção da saúde da população. O corpo editorial e revisores altamente qualificados devem promover a melhoria da qualidade dos artigos publicados, quanto a mérito científico, originalidade, atualidade, relevância e abrangência. Essas medidas podem produzir efeitos e sedimentar a visibilidade e a credibilidade do periódico, elevando sua qualificação científica.

O compromisso do periódico em adotar a divulgação prévia à publicação (ahead of print) favorece a divulgação mais rápida do conhecimento e o “press release”, a interação com o público leigo. Nessa mesma direção, disponibilizar o acesso aos periódicos nos meios digitais e redes sociais é muito importante para assegurar que o conhecimento produzido pela academia e sustentado por fomento público retorne à sociedade e reverta em benefícios à população. Essas iniciativas, em sites dinâmicos e interativos, agregam valor à publicação eletrônica e podem contribuir para aumentar o impacto e a visibilidade do periódico junto à comunidade científica nacional e internacional.

O acesso livre propicia maior visibilidade aos artigos publicados na revista, mas o periódico precisa implementar a interatividade e o diálogo com os autores, informando-os periodicamente quando seu artigo foi citado e disponibilizando o link da Revista onde consta a citação. Outra iniciativa bastante interessante é informar aos autores a posição de seu artigo quando esse estiver entre os 20 mais citados de um determinado tema. Essas iniciativas e recursos de marketing dos periódicos incentivam a submissão das melhores produções traduzindo-se em prestígio para as revistas e para autores que são os protagonistas desta história.

Mas esse enorme esforço a ser realizado pelos periódicos das áreas para a internacionalização do conhecimento produzido esvai-se se a qualidade dos artigos submetidos não alcança a excelência desejada. Assim, os programas de Pós-Graduação em Enfermagem do País devem buscar o aprimoramento da qualidade de seus produtos para que o processo de internacionalização dos periódicos efetive-se na área da Enfermagem.

Em relação aos artigos, é importante que os autores percebam que as perguntas de pesquisa são muito mais importantes que as respostas. Na construção do artigo devemos começar pelos resultados, pelas tabelas, que trarão subsídios para a discussão.

Os pesquisadores leem primeiramente o resumo do artigo que deve ser construído de maneira atraente para que o manuscrito seja lido na íntegra. A introdução deve ser curta e trazer o estado da arte da temática e destacar a relevância do estudo. O método deve ser muito bem descrito e passível de replicação para garantir a credibilidade dos achados.

Em pesquisas quantitativas, por exemplo, os resultados devem ser apresentados em tabelas com breve comentário do que foi estatisticamente significativo e a discussão deve obrigatoriamente dialogar com a literatura.    Antecipar no capítulo da discussão as limitações do estudo dá credibilidade aos autores. Nas pesquisas qualitativas, a densidade teórico-metodológica, bem como as técnicas de análise utilizadas, corroboram para qualificar o estudo.

O uso da Seção Carta ao Editor pelos periódicos deve ser estimulado, com a finalidade de promover entre os leitores a prática do debate acadêmico e a reflexão sobre a produção científica veiculada nos periódicos.

Quantos desafios! Hoje é importante pensar em outras maneiras de produzir e divulgar os conhecimentos. É preciso incrementar a veiculação de artigos científicos em meio digital, agrupar a produção por especialidade, com mais qualidade e maior impacto, visando incrementar a curva ascendente de índices bibliométricos dos periódicos de Enfermagem nacionais.
É tempo dos periódicos adotarem o formato digital e o acesso aberto e a produção deve ser agrupada por especialidades em “mega” revistas.  São necessários esforços conjuntos dos programas de pós-graduação e dos autores para disponibilizar a excelência de sua produção, o que vai contribuir efetivamente para o maior impacto do periódico, aumentando sua difusão, visibilidade, velocidade na divulgação, disponibilidade universal com gratuidade, com impacto nos índices bibliométricos dos periódicos nacionais da Enfermagem.

Há muito o que fazer!

(1) Livre-Docente. Professora Associada, Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo. Editora Associada, Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, SP, Brasil. dulce.barbosa@unifesp.br

(2) Professora Titular, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. Editora Científica, Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, SP, Brasil.


Atenciosamente,

Arlete de O. Batista - Editora Administrativa
Revista da Escola de Enfermagem da USP - REEUSP
Site: http://mc04.manuscriptcentral.com/reeusp-scielo
Email: nursingscholar@usp.br
Contato: 55 11 3061-7553

Notícia cadastrada em: 09/04/2014 20:27
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