Do jornal ao cordel dando a ler a ciganidade: representações sobre os ciganos no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco (1950 – 1988)
Ciganos; Nomadismo; Modernidade; Anticiganismo; História dos Sertões.
Os processos históricos em que estiveram inseridos os sujeitos ciganos foram marcados por conflitos entre eles e a cultura dominante com quem os mesmos estabeleceram contatos. Foram diversos os espaços e as populações que rejeitaram a presença dos ciganos e suas práticas monádicas. A modernidade impôs um modo de vida que foge aos interesses e costumes dos ciganos, desencadeando diversas atitudes de exclusão, expulsão, violência, dentre outras, as quais podemos conceituá-las enquanto práticas anticiganas. Os ciganos chegaram às terras que hoje conhecemos como o Brasil a partir do degredo cometido pela então coroa portuguesa; neste território, encontraram refúgio nos sertões, esse espaço que foi palco dos indesejados para inúmeras mobilidades e dinamismos culturais, onde os ciganos também estiveram inseridos. É nessa perspectiva que se consolidaram diversas representações a respeito dos ciganos, os signos da modernidade e os sertões, reverberando imagens anticiganas ou construindo imaginários que remetem as particularidades locais. Sendo assim, analisamos a partir de materiais impressos, sobretudo jornais e folhetos de cordel, como esse processo de relação dos ciganos, os sertões e modernidade no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco entre os anos de 1950 e 1988, geraram diversas representações nos materiais já citados, incluindo representações que remetem a formas de violência, a partir da veiculação de estereótipos negativos sobre esses sujeitos.