“Com o sol na cabeça e a tempestade no coração”: o retratista de miragens e suas ambiências na caatinga do sertão
Ariano Suassuna. História e literatura. Pedra do Reino. Presença. Sertões Áridos.
Este trabalho tem como proposta investigativa explorar os sertões áridos da caatinga. Sendo fruto das reflexões do projeto de pesquisa “Os sertões áridos: (re)leituras da paisagem, natureza e cultura escrita (1930 – 1970), procuro expandir seus horizontes através da fonte literária O Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971), de Ariano Suassuna. Para isso, utilizo do debate entre história e literatura, a partir de Antonio Celso Ferreira (2009), Cláudia de Oliveira Freitas (2003), José D’Assunção Barros (2021) para fundamentar o uso da fonte literária na pesquisa histórica. Em seguida, proponho um caminho pelos conceitos de paisagem propostos, respectivamente, por Anne Cauquelin (1989), Michel Collot (2013) e Yi-Fu Tuan (2005), para desvelar uma poética da existência na criação desses sertões áridos. Depois, executando o conceito de paratexto, de Gérard Genette (2009), atravesso os discursos na fonte hemerográfica, Diário de Pernambuco, pois, dessa maneira, estabeleço não só uma historicidade do texto, mas também, evidencio o surgimento da obra no mundo e da crítica literária a respeito do artista a partir de vozes simultâneas no tempo de sua produção. E, por fim, aplico o conceito de “Stimmung”, proposto por Hans Urilch Gumbrecht, para pensar novos caminhos a respeito do sentir e do experienciar sertões nos dias de hoje a partir de obras literárias.