Pacarrete é forte como um mandacaru: protagonismo feminino, cinema e sertão
RESUMO E PALAVRAS-CHAVE EM LÍNGUA VERNÁCULA
Pensar as representações do sertão a partir do protagonismo feminino a luz do filme Pacarrete (Allan Deberton, 2019) nos levou a começar essa busca por entender de que formas o sertão passou a ser transposto para as telas do cinema nacional começando pela fase do Cinema Novo. Embora o sertão nordestino tenha dado as caras desde sempre, pois, produzir cinema fazia parte da idealização de um país modernizado e que acompanhava as novas tendências mundiais. Foi nas décadas de 1950 e 1960 que as imagens cristalizadas do sertão foram construídas tendo como inspiração o romance regionalista de 1930. Com o fim do Cinema Novo, a temática do sertão aparece cada vez menos no cinema para retornar junto com a retomada na década de 1990. Dessa vez, o sertão da seca, do atraso e dos coronéis dá lugar a um sertão lúdico, localizado em algum lugar entre o passado e o contemporâneo. Já não há uma narrativa única. O sertão se multiplicou. Assim, cada vez que esse sertão é lido e dito no cinema, ele aparece de uma nova perspectiva. São filmes com jeito de novelas e seriados da televisão, Road Movies, melodramas, filmes alegres e desesperançosos. Narrativas concentradas em apenas um personagem e suas angústias. Na contemporaneidade o sertão do Cinema Novo aparece ainda como inspiração, mas sem uma preocupação de manter aquela forma de representar e muitas vezes numa tentativa de construir uma narrativa que supere a anteriormente construída. Em Russas, no sertão cearense, uma bailarina aposentada dança e nos convida para essa festa que é o seu sertão de cores, luzes e movimento. O lançamento do filme desencadeou uma onda de produções audiovisuais e a cidade de Russas- CE passa a ser palco de diferentes curtas que, assim como Pacarrete, nos ajudaram a pensar sobre o protagonismo feminino nos filmes de sertão na contemporaneidade.