O ir e vir nos sertões: ciganidade em perspectiva
Ciganos; sertão; hibridismo cultural; estereótipo; resistência.
Os processos históricos em que estiveram inseridos os sujeitos ciganos foram marcados por conflitos entre eles e a cultura dominante com quem os mesmos estabeleceram contatos. Foram diversos os espaços e as populações que rejeitaram a presença dos ciganos e suas práticas nomádicas, a modernidade, impôs um modo de vida que foge aos interesses e costumes dos ciganos, isso desencadeou diversas práticas de exclusão, expulsão, violência, dentre outras, as quais podemos conceitua-las enquanto práticas anticiganas. Os ciganos chegaram às terras que hoje conhecemos como o Brasil, a partir do degredo cometido pela então coroa portuguesa, neste território, encontraram refúgio nos sertões, esse espaço dos indesejados foi palco para inúmeras mobilidades e dinamismos culturais, onde os ciganos também estiveram inseridos. É nessa perspectiva, que pretendemos analisar a inserção e estabelecimento dos ciganos no espaço sertanejo, bem como a relação com os grupos que residiram nos sertões, identificando possíveis traços de hibridismo cultural. Sendo assim, analisaremos a partir de materiais impressos, sobretudo jornais, como esse processo de relação dos ciganos e os sertões ocorreram no Rio Grande do Norte do século XX, compreendendo as formas de violência sofridas por esses grupos a partir da veiculação de estereótipos negativos sobre esses sujeitos e a resistência que eles desenvolveram frente a forte incidência do anticiganismo, levando em consideração a disseminação das ideias de modernização presentes no século XX e que trouxeram mudanças a diversos aspectos da vida em sociedade.